20 de outubro de 2025 às 11:24
Há quase 20 anos, quando o Principles for Responsible Investment (Princípios para o Investimento Responsável) foi criado, era raro fazer a conexão entre meio ambiente e finanças.
Mais estranho que isso seria pensar que uma organização contaria com uma rede de 5 mil investidores comprometidos com a proteção das florestas e dos recursos naturais. Os temas, segundo o head do PRI no Brasil, Marcelo Seraphim, eram vistos como opostos na época.
Mesmo assim, um grupo de investidores do setor privado, com o apoio da Organização das Nações Unidas, decidiu fundar a organização sem fins lucrativos em 2006 para desenvolver guias, oferecer uma plataforma de relatórios e realizar eventos que apoiem investidores na jornada ESG.
“A ideia é ajudar a deslocar o capital de atividades com externalidades negativas para aquelas que são neutras ou positivas”, conta Seraphim, que atua como líder no Brasil desde 2018.
Segundo Seraphim, a principal maneira para acelerar os investimentos de viés sustentável e o financiamento climático é garantir que o ambiente regulatório seja o mais atrativo possível, seja a partir de novos instrumentos financeiros ou redução dos riscos macroeconômicos.
O financiamento sustentável deve ser tema do PRI in Person, evento realizado de 4 a 6 de novembro em São Paulo, poucos dias antes do início da COP30, que acontecerá em Belém. Os passos até o investimento de US$ 1,3 trilhão ao ano na transição verde também serão debatidos.
“Se não tivermos um mercado de carbono regulado, não podemos tangibilizar o valor da redução de CO2 para os negócios, e sem isso, não há maiores incentivos para investir”, explica. A taxa de juros alta gera um potencial de oportunidade para o investidor.
Apesar do cenário macroeconômico instável, Marcelo acredita que o investidor está mais maduro na comparação com anos anteriores. “Hoje, políticas de investimento já contam com diretrizes claras sobre como tratar mudanças climáticas e questões sociais”, afirma.