17 de julho de 2025 às 16:15
Preços exorbitantes, escassez de leitos e especulação imobiliária refletem alguns dos gargalos logísticos e de infraestrutura que Belém do Pará enfrenta para a realização efetiva da COP30, conferência do clima mundial que acontece pela primeira vez no Brasil.
A menos de três meses do grande evento no coração da Amazônia, a hospedagem segue nos holofotes e também foi pauta nas negociações de Bonn, levando líderes a questionarem a escolha da cidade sede com um certo ceticismo.
Com a expectativa de receber pelo menos 50 mil participantes entre 10 e 21 de novembro, a realidade atual na capital paraense é de aproximadamente 36 mil leitos disponíveis e o governo brasileiro faz 'malabarismo' para garantir a acomodação de todos.
Entre as soluções encontradas, estão a construção de novos hotéis, adaptação de escolas públicas e outros estabelecimentos para funcionarem como 'hostels', navios e até parcerias com o Airbnb. Nesta quarta-feira, 16, o governo anunciou a contratação de dois cruzeiros.
Os navios MSC Seaview e Costa Diadema, contratados pela Embratur através da operadora Qualitours, oferecem 3.900 cabines e até 6 mil leitos e ficarão permanentemente atracadas no Terminal Portuário de Outeiro.
Na primeira etapa, as cabines serão oferecidas aos 98 países menores em desenvolvimento e países insulares, com diárias de até US$ 220 (R$ 1.210) Em seguida, as demais delegações poderão adquirir acomodações por até US$ 600 (R$ 3.300).
A pressão sobre a infraestrutura hoteleira da região metropolitana da capital do Pará se intensificou nos últimos meses, com a ocupação praticamente esgotada e os preços nas alturas.
Em maio, o governo anunciou a contratação da empresa Bnetwork para operacionalizar a plataforma oficial de hospedagem da COP30. A promessa era colocar o site no ar até junho, mas houve atrasos no processo e por enquanto o serviço está disponível apenas para delegações de países.
Segundo o governo, a ideia é centralizar centralizar as reservas em um único local para facilitar o acesso dos participantes e garantir preços mais acessíveis em torno de US$ 100 (R$ 550) por diária.
Um dos aspectos mais controversos da preparação para a COP30 tem sido o impacto social da especulação imobiliária sobre a população local. Organizações sociais locais alertam para o risco de "gentrificação temporária", onde eventos de grande porte podem deslocar pessoas.