9 de junho de 2025 às 15:43
O oceano é um aliado na luta contra as mudanças climáticas e o verdadeiro "pulmão do mundo": absorve 30% das emissões de CO₂ e é essencial para a manutenção da vida terrestre e marinha.
No Brasil, o batizamos de "Amazônia Azul", visto sua extensão marítima que se estende em 5,7 milhões de quilômetros quadrados e lidera pela importância ambiental, científica e econômica. Comparável ao tamanho da floresta amazônica, é um grande acervo de biodiversidade.
Mas este gigante azul está febril. A temperatura dos oceanos mais que quadruplicou em 40 anos e o ritmo atual chega a um aumento de 27ºC por década e os resíduos plásticos já representam 80% de todo lixo marinho.
Em meio a um cenário de emergência climática e degradação acelerada, a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos começa nesta segunda-feira, 9 de junho, em Nice, na França e clama por ações urgentes.
Até 13 de junho, milhares de pessoas e líderes de todo mundo se reúnem para discutir saúde oceânica, financiamento, proteção marinha e desenvolvimento sustentável. O secretário-geral da ONU abriu o evento com um alerta: "o oceano é o recurso compartilhado, mas estamos falhando".
A Conferência dos Oceanos acontece em um momento decisivo para o planeta: uma década após o Acordo de Paris e na metade do percurso da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Os oceanos desempenham papel vital na mitigação das mudanças climáticas e esta será a 1º vez que o foco será na conexão com biodiversidade. O encontro reúne lideranças e a expectativa é avançar com novos compromissos internacionais dentro do ODS 15 voltado à conservação marinha.
Guterres pediu que líderes mundiais ratifiquem o Tratado do Alto-Mar, adotado em 2023, que permitiria aos países estabelecer parques marinhos em águas internacionais. Atualmente, apenas cerca de 1% das águas mundiais - que cobrem quase dois terços do oceano - foram protegidas.
Além de progressos no Tratado de Alto Mar, a expectativa é que países adotem a Declaração Política de Nice, um documento previamente negociado entre os Estados-membros da ONU e que visa a integrar a proteção dos oceanos de forma mais estruturada às políticas nacionais.
Segundo dados da ONU, a implementação total de soluções climáticas baseadas no oceano poderia reduzir em até 35% a lacuna de emissões necessária para limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2050.
O desafio é imenso: o Fórum Econômico Mundial estima que são necessários US$ 175 bilhões por ano para tornar a economia oceânica sustentável.
No contexto de urgência global no ano que o Brasil sedia pela primeira vez a COP do clima (COP30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva posicionou o Brasil como protagonista na discussão sobre defesa dos oceanos.
Durante discurso na conferência, anunciou que o país ampliará a cobertura de suas áreas marinhas protegidas de 26% para 30%, cumprindo a meta do Marco Global para a Biodiversidade.
Apesar dos compromissos, o Brasil enfrenta críticas por permitir o avanço da exploração de novos poços de petróleo na sensível região da Foz do Amazonas e a expansão de combustíveis fósseis envia sinais contraditórios à comunidade internacional.