ESG

Conferência de Bonn: primeira semana é marcada por frustração e falta de consenso

Sofia Schuck

23 de junho de 2025 às 14:30

Leandro Fonseca/Exame

"O contexto geopolítico está complicadíssimo — estamos vendo isso em Bonn. Ainda há muitas divergências. O clima precisa ser integrado na economia e nos recursos financeiros", avaliou o embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, na sexta-feira, 20.

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A declaração reflete o sentimento generalizado de frustração após uma série de impasses na primeira semana da Conferência de Bonn (62ª sessão dos Órgãos Subsidiários), na Alemanha.

Andrew Harrer/Bloomberg

De 16 até 26 de junho, cerca de 5 mil autoridades governamentais e representantes da sociedade civil de 197 países estão reunidos com o intuito de avançar no combate às mudanças climáticas.

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O evento que prepara o terreno para a COP30 no Brasil é um teste crítico do que está por vir e deveria ser um momento de alinhamento técnico, mas encerra os primeiros dias com oportunidades perdidas e tensões crescentes sobre temas-chave.

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Paralelamente, há uma tensão no ar e diariamente acontecem manifestações pró-clima dentro e fora da sede da ONU. Com cartazes, ativistas também cobram justiça para Gaza e pedem pelo fim do genocídio das guerras em curso.

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Mahryan Sampaio, ativista e presidente do Funbea, descreveu à EXAME que o clima de Bonn não é dos melhores e há um certo desconforto. "Sabemos que as negociações têm um histórico de serem mais travadas. Há uma dificuldade imensa em se chegar ao mínimo: financiamento".

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As tensões em torno do financiamento não são novidade nas negociações, mas Bonn sugere que as desavenças estão mais enraizadas e não parece haver consenso sobre como estruturar os mecanismos de apoio financeiro para a ação climática.

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Segundo especialistas, as divergências explícitas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento a menos de cinco meses da COP30 podem comprometer os ambiciosos objetivos do Brasil e definir se a grande conferência do clima será ou não bem-sucedida.

Leandro Fonseca/Exame

Em meio às dificuldades, o Brasil aproveitou a semana para consolidar sua estratégia para a COP30. Na quinta-feira, 19, a delegação apresentou o "roteiro Baku to Belém", visando garantir que as decisões sobre financiamento climático se traduzam em implementação efetiva.

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A proposta ganhou corpo com a divulgação, nesta sexta-feira, da quarta carta oficial da presidência da COP30. O documento, apresentado pelo embaixador André Corrêa do Lago, detalha uma agenda de ação estruturada e traz seis eixos temáticos desdobrados em 30 objetivos específicos.

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A inovação da agenda brasileira é tratar o primeiro Balanço Global (Global Stocktake) do Acordo de Paris como uma "Contribuição Determinada Global" (GDC). A ideia é transformar o balanço, acordado na COP28 em Dubai, em uma espécie de meta coletiva.

Leandro Fonseca /Exame

Para Dan Ioschpe, campeão climático da COP30, a Agenda de Ação é o caminho para esse esforço: conectar governos com implementadores e solucionadores de problemas que já entregam soluções climáticas no território.

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Mas os impasses em Bonn mostram que a jornada entre ambição e a implementação está cheio de obstáculos e o encontro pode acabar sem nenhum avanço efetivo. Neste caso, as 'pendências' ficarão na mala para serem resolvidas no Brasil.

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