ESG

CFOs herdam US$ 17 bi em riscos ambientais, em transição regulatória que se aproxima

Lia Rizzo

14 de maio de 2025 às 14:32

Sansert Sangsakawarat/Getty Images

A era da divulgação voluntária está próxima de acabar. A partir de 2027, empresas brasileiras de capital aberto terão que reportar riscos climáticos com o mesmo rigor aplicado às demonstrações financeiras tradicionais.

As implicações deste momento de transição foram tema de encontro promovido pelo IBEF sobre Risco Climático, Compliance e Finanças Sustentáveis.

null/

As normas IFRS S1 e S2, estabelecidas em junho de 2023 pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), instituíram pela primeira vez padrões globais para divulgação de informações sobre sustentabilidade.

Lukas Schulze/Getty Images

Enquanto a S1 define requisitos gerais, a S2 foca especificamente em riscos climáticos, exigindo divulgação detalhada sobre emissões de gases de efeito estufa, planos de transição e análise de cenários climáticos.

Mas afinal, o que isso significa na prática? Para executivos financeiros brasileiros, representa uma transformação radical em suas responsabilidades.<br /> <br />

Leandro Fonseca/Exame

CFOs que hoje assinam demonstrações financeiras terão que assumir a mesma responsabilidade legal sobre dados climáticos.

PUGUN SJ/iStockphoto

É como adicionar um novo capítulo ao manual de governança corporativa – só que desta vez, o capítulo vem com auditoria externa e consequências legais.

"Agora a brincadeira virou coisa séria. Não é mais greenwashing, é plano de negócios", resumiu Edison Fernandes, sócio do FF Law e membro do Comitê de Pronunciamento Contábil, e um dos participantes da conversa no evento do IBEF.

/AFP Photo

A afirmação captura perfeitamente o momento: cada vez mais, sustentabilidade deixa de ser assunto de marketing para virar questão de balanço patrimonial. "Se um dia foi externalidade, hoje é internalidade", apontou o advogado.

Em outras palavras, aquilo que as corporações tratavam como "problema dos outros", como poluição, emissões, riscos climáticos, agora entra oficialmente nos livros contábeis.<br /> <br />

Thinckstock/

O executivo vai além: "É preciso ter um padrão para dizer que a liquidez é X, porque senão cada um vai fazer o que quiser." Traduzindo: assim como existe uma forma única de calcular o lucro líquido, haverá uma forma padronizada de reportar impactos climáticos.

Thinckstock/Thinkstock

Isso significa que o tradicional perfil do executivo financeiro, antes mais focado em números, planilhas e demonstrativos, precisará incluir a compreensão sobre emissões de carbono, riscos físicos do clima e planos de transição energética.

Ilustrando a urgência da regulação, Ana Lia Touso, Sócia de Sustentabilidade e Clima da Deloitte, trouxe um estudo da consultoria que mostrou um potencial de perda econômica na América Latina de 17 bilhões de dólares, caso as adequações não sejam seguidas.

Rovena Rosa/Agência Brasil

Com o aumento de 3°C na temperatura global, o país enfrentaria 90 dias por ano com temperaturas acima de 35°C – impactando diretamente produtividade, agricultura e infraestrutura.<br /> <br />

Leia mais: