27 de janeiro de 2025 às 10:03
Seis anos após o desastre de Brumadinho (MG) causado pelo rompimento da barragem da Mineradora Vale, a população ainda sofre seus reflexos.
Um novo estudo da Fiocruz Minas e da UFRJ revelou que crianças de até 6 anos tiveram um aumento na exposição a metais tóxicos no período de 2021 a 2023 e a presença de pelo menos um (arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo e manganês) em 100% das amostras de urina.
O arsênio foi o que apresentou os níveis mais elevados: o percentual do público infantil com valores acima do limite de referência passou de 42%, em 2021, para 57%, em 2023.
Em áreas próximas à mineração ativa e à lama, o aumento foi ainda mais significativo. Segundo os pesquisadores, é mais uma evidencia que a a exposição aos metais tóxicos segue disseminada no município, mesmo com pequenas reduções nos níveis de manganês e chumbo.
O estudo faz parte do "Programa de Ações Integradas em Saúde de Brumadinho" e desde 2021, acompanha anualmente cerca de 3 mil participantes para entender os impactos da tragédia no curto e longo prazo.
Sérgio Peixoto, coordenador-geral da pesquisa e pesquisador da Fiocruz, destacou em nota que a pior percepção da saúde é um indicador de extrema importância para avaliação da condição geral e reflete os impactos aos moradores que vivem próximos das áreas atingidas.
Além da exposição aos metais e riscos à saúde, outro ponto crítico identificado foi a alta prevalência de transtornos mentais. A proporção de adultos com episódios depressivos maiores saltou de 28,8% para 38,4%, enquanto os de ansiedade subiram de 19,2% para 30,8%.
Outras 28,3% das crianças avaliadas em 2023 apresentaram risco de atraso no desenvolvimento neuromotor -- uma melhora em relação aos 42,5% identificados em 2021.
Relembre o caso: 25 de janeiro de 2019, o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, operada pela mineradora Vale, em Brumadinho (MG), liberou cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. Exatos seis anos depois, os impactos ainda são sentidos.