20 de junho de 2025 às 11:02
Enquanto China, Estados Unidos e União Europeia ainda lideram os investimentos em plantas industriais limpas, um grupo de países emergentes conhecido como "novo cinturão industrial solar" acelera e pode em breve superar estas potências na corrida pela descarbonização.
É o que revela um novo relatório divulgado na quinta-feira, 19, pela Mission Possible Partnership (MPP) e com apoio do Acelerador de Transição Industrial (ITA), após mapear 823 plantas de produção em escala comercial espalhadas por 69 países.
A análise identificou países como Brasil, Índia, Egito, Indonésia e Marrocos aproveitando suas vantagens em energia renovável para atrair bilhões em recursos e se posicionando como líderes nos setores mais poluentes.
É o caso de indústrias intensivas como alumínio, químicos, cimento, e aço, e que estão substituindo combustíveis fósseis em fontes de energia mais sustentáveis. Mesmo em um cenário otimista, a análise identificou gargalos e lentidão na conversão de projetos em investimentos.
Dos 823 avaliados, apenas 69 estão operacionais e 65 foram financiados. Os 692 restantes ainda aguardam recursos. Se a taxa atual de conversão se manter, levaria aproximadamente 40 anos para que todos começassem a ser executados, alertou o ITA.
Atualmente, a China representa um quarto dos US$ 250 bilhões já investidos em plantas limpas no mundo, seguida pelos Estados Unidos (20%) e União Europeia (15%). Já os países do cinturão garantiram um quinto desses recursos e respondem por 59% dos US$ 1,6 trilhão em projetos.
"Assim como as indústrias do passado se localizavam perto das minas de carvão que as alimentavam, a nova geração escolhe ter acesso a eletricidade abundante, confiável, barata e limpa para produzir materiais, produtos químicos e combustíveis", disse Faustine Delasalle, CEO da MPP
O motor da transformação é a amônia verde, ingrediente essencial para a produção de fertilizantes. Os países do novo cinturão industrial abrigam mais de três quartos de todas as instalações de produção planejadas globalmente.
Para Christiana Figueres, cofundadora da Global Optimism, o cenário representa uma oportunidade histórica para a transição rumo à economia de baixo carbono, com uma nova revolução industrial em ascensão.