ESG

A estratégia da L'Oréal para levar a inclusão produtiva ao maior porto escravagista das Américas

Letícia Ozório

6 de fevereiro de 2025 às 11:38

Marcada por décadas de exclusão, a zona portuária do Rio de Janeiro, que reúne os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, vivenciou um prolongado ciclo de isolamento econômico. Essa parte da cidade ficou conhecida como Pequena África.

Andre Valentim/Exame

Símbolo do complexo histórico, destaca se ali a Pedra do Sal, formação rochosa situada na Saúde. O monumento recebeu esse nome em referência ao desembarque de sal importado de Portugal, um dos árduos trabalhos exercidos por africanos.

Hoje, entre os antigos casarões e pontos históricos dessa diáspora negra está a sede da L’Oréal, que completa 65 anos no Brasil. A multinacional francesa do ramo de beleza passou a ocupar um espaço próximo ao porto em 2017, ano da revitalização da Pequena África.

Grupo L'Oréal Brasil /Divulgação

O desafio de representar a história da região e sua população teve de ser incorporado na estratégia do negócio, de acordo com Marcelo Zimet, CEO da companhia.

“É uma história triste, mas que precisa ser relembrada. A L’Oréal, enquanto empresa, não consegue mudar o mundo, mas pode impactar positivamente as comunidades que estão próximas", afirma com exclusividade à EXAME.

Alistair Berg/Getty Images

A ação mais recente do programa de impacto social da iniciativa foi a criação da primeira turma do Beleza Mais Diversa, curso de aceleração e capacitação de influenciadores negros.

Em parceria com o TikTok, plataforma de vídeos, e a YouPix, empresa da economia dos creators, 50 jovens passaram por uma aceleração em sua carreira enquanto criadores de conteúdo, com mentorias aplicadas por alguns dos influenciadores negros mais seguidos do país.

Vult/Divulgação

A atriz e apresentadora Taís Araújo, que também é porta-voz da L’Oréal, esteve presente na formatura do Beleza Mais Diversa. “Entender a diferença enquanto riqueza é o grande lance do negócio, ainda mais em um país como o Brasil", diz.

Segundo a consultoria de mercado Euromonitor, foram gastos 34,2 bilhões de dólares na área de beleza e cuidados pessoais em 2023 no Brasil. Produtos com cabelos somaram 5,6 bilhões e maquiagens totalizaram gastos de 2,27 bilhões.

Outra iniciativa do grupo, voltada para a inclusão produtiva da população ao redor da sede, é a Escola de Beleza da Pequena África. O projeto busca capacitar mulheres em vulnerabilidade social para que sejam cabeleireiras, auxiliares de cabeleireiras, barbeiras ou manicures.

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