18 de julho de 2025 às 16:25
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ignorou as pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro e o tornou alvo de novo inquérito que investiga o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro é investigado por obstrução de justiça ao tentar buscar apoio do governo norte-americano para frear ações do Judiciário contra o pai.
Na prática, a decisão de Moraes, que obrigada o ex-presidente a usar tornozeleira eletrônica e o proíbe de usar redes sociais, tem potencial para escalar ainda mais as tensões políticas, econômicas e jurídicas entre o Brasil e o governo norte-americano.
O imbróglio comercial imposto por Trump ao Brasil por meio de uma sobretaxação de 50% aos produtos brasileiros é uma resposta do presidente dos Estados Unidos ao que considerou uma "caça às bruxas" de Moraes contra Bolsonaro no inquérito que investiga tentativa de golpe.
O tarifaço de Trump, no primeiro momento, fortaleceu a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ficou claro que a população brasileira não admite interferência de outro país nos assuntos domésticos, sejam eles políticos, jurídicos ou econômicos.
Entretanto, auxiliares de Lula admitiram reservadamente à EXAME que o Brasil não tem condições de "peitar" a maior economia do mundo em uma disputa comercial, mesmo que adote medidas de retaliação ao tarifaço.
Além disso, os menos técnicos das alas política e econômica temem que esse fôlego na popularidade de Lula possa durar pouco tempo se os efeitos da sobretaxação alcançarem os bolsos dos trabalhadores, na forma de desemprego e inflação.
Além disso, as consequências dessa disputa sobre o futuro eleitoral de Lula têm sido alvo de diversas elucubrações. Há quem aposte em vitória acachapante do petista em 2026, impulsionado pelo sentimento de nacionalismo inflado pela tentativa de interferência de Trump no país.
Por outro lado, há quem considere que os efeitos econômicos da guerra comercial, como inflação, redução do nível de atividade e desemprego, podem punir o atual presidente nas urnas. Por ora, resta esperar o desenrolar dos próximos capítulos da história.