13 de novembro de 2024 às 23:15
A escala 6x1 — modelo que determina seis dias consecutivos de trabalho seguidos de apenas um dia de descanso — ainda é amplamente praticada em diversas partes do mundo.
Este modelo está no centro de debates globais sobre saúde mental, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e produtividade, e nos últimos dias ganhou a atenção do governo brasileiro após a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentar uma PEC sobre redução da jornada de trabalho
Além do Brasil, a escala 6x1 é legal e amplamente usada em países como Estados Unidos, México, China e Índia, e tem enfrentado críticas crescentes devido a seus impactos na saúde mental, afirma Luciana Veloso Baruki, advogada e médica que atua como auditora fiscal do trabalho.
De países que lideram a transição para jornadas mais humanizadas, como Islândia e Nova Zelândia, até realidades de trabalho intensas como China e Índia, a forma como os governos e empresas tratam a escala 6x1 reflete suas prioridades sociais, econômicas e culturais, afirma Baruki
Os países nórdicos — Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia — são referência em legislações trabalhistas avançadas e na valorização do bem-estar dos trabalhadores.
Nesses países, Baruki diz que as jornadas semanais geralmente variam entre 35 e 40 horas, e há uma forte regulamentação quanto ao descanso. Por exemplo, a Noruega exige pelo menos 35 horas consecutivas de descanso semanal, o que inviabiliza a prática da escala 6x1.
Além das leis, a cultura corporativa desses países enfatiza que trabalhadores descansados são mais produtivos e criativos. Empresas escandinavas priorizam a flexibilidade, permitindo que seus funcionários equilibrem o trabalho com suas vidas pessoais.
O publicitário André Moreira Forni, de 39 anos, trocou São Paulo por Helsinki, cidade no sul da Finlândia, em 2021. Junto com a esposa e a primeira filha, ele se mudou para ocupar o cargo de diretor de arte de uma empresa de jogos digitais e em busca de mais qualidade de vida.
Na União Europeia a diretiva 2003/88/CE do Parlamento Europeu estabelece que os trabalhadores têm direito a um descanso semanal mínimo de 24 horas, além de 11 horas consecutivas de descanso diário, totalizando ao menos 35 horas consecutivas de descanso semanal.
Islândia e Nova Zelândia são dois dos países que mais têm inovado em relação ao futuro do trabalho.
Islândia se destacou ao conduzir experimentos entre 2015 e 2019 que reduziram a semana de trabalho para quatro dias sem redução salarial. Os resultados foram claros: os trabalhadores relataram menos estresse e maior bem-estar, enquanto as empresas aumentaram os resultados.
Na Nova Zelândia, iniciativas similares têm sido adotadas voluntariamente por empresas. Os resultados reforçam a tese de que trabalhadores mais descansados cometem menos erros, engajam-se mais e são mais eficientes.
Para conhecer os países que possuem jornadas intensivas, veja a matéria na íntegra na EXAME: