Examinando: como uma vacina age no organismo?

As vacinas são desenvolvidas há séculos, mas a corrida por uma em específico tem sido o foco do mundo todo ultimamente por causa da pandemia da covid-19

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Você aceitaria colocar um vírus no seu corpo por livre e espontânea vontade? Provavelmente não. Mas e se eu te contar que você já fez isso várias vezes? Parece loucura, mas é verdade. Isso aconteceu quase todas as vezes que você tomou uma vacina. Injetar uma parte enfraquecida do vírus na corrente sanguínea é uma das lógicas usadas na fabricação e aplicação das vacinas. 

Elas são desenvolvidas há séculos, mas a corrida por uma em específico tem sido o foco do mundo todo ultimamente por causa da pandemia da covid-19. Pelo menos 130 estudos estão em andamento e alguns já em fases avançadas de testes. Mas você sabe como a vacina age no seu organismo? No Examinando de hoje vamos te mostrar exatamente isso, também vamos examinar como está a corrida mundial pela vacina que pode acabar com a pandemia.

Nunca antes na história da humanidade houve tantos esforços e tantos recursos financeiros destinados para o desenvolvimento de uma vacina. As centenas de iniciativas atuais para encontrar uma prevenção contra o vírus somam um esforço inédito. Pelo menos US$ 20 bilhões estão sendo investidos. Isso porque quando ela for descoberta, pode ser a solução para a crise de saúde e financeira que o mundo vive. 

Mas afinal, porque as vacinas protegem o ser humano de doenças? O nosso corpo possui células responsáveis só por defender o organismo de agentes invasores, como vírus, fungos e bactérias. Quando algum desses seres entra no corpo, essas células de defesa, chamadas glóbulos brancos, produzem anticorpos que serão os responsáveis por combater o invasor. 

Mas quando é a primeira vez que aquele vírus ou bactéria tem contato com o nosso organismo, as nossas células não reconhecem ele. Então elas percebem que tem algo estranho e levam um tempo até entender o que é e criar os anticorpos. A lógica da vacina é ser exatamente essa primeira invasão. Os cientistas e os médicos desenvolvem a substância a partir de pedaços de proteína do vírus, em alguns casos com o próprio vírus morto ou em uma forma bem enfraquecida. Esse processo pode causar alguns dos sintomas da doença, por isso quando você toma a vacina, às vezes acaba tendo uma reação como febre e indisposição. 

Quando essa substância é injetada no nosso corpo, as células de defesa entendem que tem um invasor e trabalham para criar um exército de anticorpos contra aquele vírus. Existem outras células que funcionam como a memória do nosso organismo. Quando entra um invasor pela primeira vez, ele fica salvo nessa memória e quando ele voltar a atingir o corpo, os anticorpos já estão produzidos e prontos para defender. 

A lógica parece simples, mas o caminho desde as pesquisas até o desenvolvimento da vacina e a aplicação delas no ser humano é bem longo, complexo e principalmente demorado. Uma vacina pode levar quase 30 anos para ficar pronta. A de catapora precisou de 28 anos. A vacina mais rápida já desenvolvida foi a da caxumba, que demorou 4 anos até o resultado final. A expectativa é de que a solução contra a covid-19 fique pronta num período total de um ano e meio a dois anos. 

Em condições normais, uma vacina é desenvolvida em três grandes etapas. Elas começam no laboratório com pesquisa e desenvolvimento. Depois passam para um período pré-clínico, quando são feitos testes em animais, como ratos e macacos. Por fim, começam os testes em humanos. E só essa última etapa é dividida em mais três fases. 

Para conseguir a solução da pandemia mais rapidamente, esse protocolo rígido foi adaptado à urgência do momento. Algumas vacinas pularam a fase de testes em animais e foram direto para os testes em humanos. Isso não seria tolerado por nenhum comitê de ética do mundo em tempos normais. Diante dos efeitos da pandemia, muitos cientistas acreditam que os benefícios de alterar protocolos justificam os riscos. Mas também vale lembrar que muitos especialistas acreditam que esse prazo de 18 meses é muito otimista, e que no fim vai demorar mais tempo para essa vacina ficar pronta. 

Entre as centenas de pesquisas em desenvolvimento, quatro estão mais avançadas. Uma de uma empresa norte-americana, outra de uma chinesa, uma alemã e outra em parceria com a universidade de Oxford.  Todas já estão em fase de testes em animais ou até em humanos e já apresentaram resultados promissores. As quatro prometem aprovar uma versão do produto ainda até o final deste ano. 

O brasileiros estão entre os primeiros do mundo a testarem vacinas da covid-19. A Coronavac, desenvolvida por uma empresa chinesa foi testada em 9 mil pessoas no Brasil por meio de uma parceria com o Instituto Butantã. Em estudos com animais, ela foi considerada segura e forneceu proteção a uma espécie de primata. A vacina desenvolvida em Oxford também teve os brasileiros como os primeiros usuários.

O Brasil ser escolhido como um dos lugares para testes parece algo muito bom, não é? Mas na verdade, não é bem assim. Na prática, isso só significa que nós somos um dos lugares mais contaminados do mundo. Os testes de vacinas precisam acontecer em locais em que a população esteja exposta ao vírus. Porque os pesquisadores precisam identificar com mais facilidade se as pessoas realmente desenvolveram anticorpos para prevenir a doença.

Se tem tantas pesquisas em desenvolvimento e algumas estão mais avançadas, em testes e com o lançamento já programado, por que as outras empresas continuam tentando e insistindo na pesquisa? Acontece que um dos problemas é a demanda. Mesmo que a vacina seja desenvolvida e vendida por uma ou outra instituição, essas empresas precisariam produzir doses suficientes para o mundo inteiro. No fim, esse esforço coletivo é necessário. 

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