Examinando: Boicote nas redes sociais, o Facebook é o novo vilão?

Examinando explica motivo da campanha contra a empresa de Zuckerberg e prejuízos que ela pode trazer para o bolso e a imagem da gigante das redes sociais

Você conseguiria passar um dia inteiro sem usar nenhuma rede social? Não é nada impossível, mas eu imagino que se você puder escolher, vai preferir não se afastar das suas redes, certo? E é por isso que o Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp viraram empresas tão grandes, tão ricas. Porque eles têm a sua atenção na maior parte do dia. 

Há alguns meses, as tão famosas redes sociais têm sido o foco das atenções, mas não do jeito que estamos acostumados todos os dias. O Facebook sofreu um boicote de diversas empresas. No Examinando de hoje vamos te explicar o motivo dessa guerra digital e os prejuízos que ela pode trazer para o bolso e a imagem da gigante das redes sociais. 

Você já parou pra pensar como o Facebook, o Twitter ou o Instagram ganham dinheiro? Eles não te cobram nada para criar um perfil, fazer postagens, curtir ou compartilhar. Então de onde vem a receita dessas empresas? Bom, uma das fontes são os anúncios. E foi exatamente nesse ponto que a campanha contra o Facebook resolveu atacar. Mas primeiro você precisa entender o que está acontecendo.

Em maio, um homem norte-americano negro chamado George Floyd foi morto sufocado por um policial branco. O crime foi filmado, compartilhado nas redes sociais e causou indignação no mundo inteiro. Mas essa revolta não ficou só por isso, ganhou força e se transformou em grandes protestos antirracistas pelo mundo inteiro. Teve manifestação em muitos estados norte-americanos, em vários países europeus e chegou até aqui no Brasil. 

Esses protestos trouxeram à tona diversas questões e geraram várias campanhas. Uma delas foi a “Stop Hate for Profit” ou “Pare o ódio pelo lucro”. A campanha foi lançada por grupos americanos de defesas dos direitos civis. Apesar do movimento ter começado nos Estados Unidos, já tem reflexos em outros países, incluindo o Brasil. A campanha acusa o Facebook de aumentar o alcance das mensagens de ódio e de permitir publicações que incentivam a violência. 

O objetivo do movimento é criar uma pressão sobre as empresas de redes sociais para que elas criem mecanismos para combater essas mensagens de disseminação de ódio e que sejam mais rígidas contra o conteúdos de racismo. Então, na prática, o que tem acontecido é que as empresas que pagam o Facebook para por anúncios na página deixaram de fazer isso. E vale lembrar que apesar de falarmos do Facebook, também estão inclusos nesse meio o Instagram e o WhatsApp. Essas duas redes sociais são da empresa Facebook. 

Várias empresas decidiram suspender a publicidade na rede social de Mark Zuckerberg por acreditar que o Facebook não adotou uma política clara e eficaz para combater o discurso de ódio na plataforma. O movimento também ganhou força depois de um conflito entre os gigantes das redes sociais. 

No final de maio, um embate entre Jack Dorsey, presidente do Twitter, e Zuckerberg, começou a tomar forma. O presidente americano, Donald Trump, escreveu no Twitter duas mensagens. Em uma delas, dizia que as caixas de correio seriam roubadas e as cédulas de votação, usadas na eleição presidencial, seriam fraudadas. Em outra, Trump atacou governador da Califórnia, dizendo que o político estaria enviando cédulas a milhões de pessoas.

As duas mensagens foram sinalizadas pelo Twitter como duvidosas, e pela primeira vez os tuítes de um presidente americano receberam um selo de alerta. A iniciativa gerou discórdia entre os gigantes do mercado de tecnologia. De um lado, o Twitter adotou uma postura mais ativa na mediação do que é publicado. De outro, ­Zuckerberg discordou da atitude do concorrente e afirmou que o Facebook não deveria se posicionar como um “árbitro da verdade” do que é dito e compartilhado pelas pessoas.

Desde o lançamento da campanha, no início de junho, mais de 500 corporações se comprometeram a suspender os anúncios na plataforma. É um grande boicote e o objetivo dos organizadores é que mais e mais companhias entrem no movimento. 

Entre as empresas que já aderiram à campanha estão nomes grandes como Starbucks, Unilever, Ford, Adidas, Honda, Levis, Hp e Microsoft. Até mesmo duas grandes rivais se uniram na reivindicação: a Coca-Cola e a Pepsi. Mas qual será o futuro do Facebook após o boicote coletivo?

Por enquanto, o impacto financeiro ainda é pequeno. Uma estimativa da Bloomberg mostra que, caso 25 dos 100 maiores anunciantes da empresa suspendam suas propagandas, o impacto será de US$ 250 milhões. Se esse número subir para 50 empresas, o prejuízo será de US$ 500 milhões. É um valor considerável, mas ainda pequeno se a gente considerar que o Facebook faturou 17 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2020.

Com a repercussão do movimento, o Facebook reconheceu que deve se aproximar mais de movimentos civis para combater o discurso de ódio. A rede social também disse que suas ferramentas de inteligência artificial detectam mais de 90% do conteúdo de ódio. Mas o boicote em massa reforça a discussão sobre o papel das redes sociais em monitorar o conteúdo que as pessoas postam ali. Tudo isso ainda traz ao debate até que ponto é obrigação interferir no conteúdo e evitar mensagens de ódio, e quando começa uma influência no livre debate. 

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