Lucas Agrela
Publicado em 15 de dezembro de 2015 às 14h42.
Última atualização em 21 de outubro de 2016 às 18h03.
A Asus não tinha um smartphone disputando o topo da gama intermediária no mercado brasileiro até o lançamento do Zenfone 2, no segundo semestre de 2015. O produto assume esse papel dentro do portfólio da empresa e, portanto, vem para bater de frente com alguns dos melhores dispositivos com sistema Android do mercado nacional, como o Moto X Play e o Xperia M4 Aqua. O aparelho será vendido em duas versões: uma com processador Intel Atom Z3560 de 1,8 GHz e 2 GB de RAM e outra, mais potente, com um Intel Atom Z3580 de 2,33 GHz e 4 GB de RAM esta última será retratada neste review do INFOlab.
O Zenfone 2 tem tampa traseira de plástico com visual peculiar: ela é fosca e, ao mesmo tempo, é brilhante. A amostra analisada tinha a cor prata, mas o produto estará disponível no mercado em outra cores. Essa tampa é removível, mas a bateria é fixa. O aparelho tem suporte para a rede 4G (LTE) brasileira, entradas para dois chips de operadoras e também para cartões microSD, que expandem o espaço de armazenamento do dispositivo em até 64 GB.
O aparelho continua com a barra inferior reluzente que dá um toque único para a linha Zenfone.Os botões capacitivos não invadem a tela, permanecendo abaixo dela, o que aumenta a área útil do display. Um problema é que esses botões não são retroiluminados e ficam com pouco destaque em ambientes escuros. Por outro lado, a disposição desses componentes não é invertida, como faz a Samsung. A ordem é, da esquerda para a direita, voltar, home e multitarefa. Isso sem dúvidas torna o uso do aparelho mais intuitivo, mesmo que você não consiga enxergar bem os botões.
O maior problema de design do Zenfone 2 está no posicionamento do botão de desbloqueio de tela. Em vez de ficar na lateral direita, como no Zenfone 6, ele fica em cima do produto. Essa disposição fazia sentido quando a tendência era de celulares com telas menores, como o iPhone 5s, de 4 polegadas. O Zenfone 2 tem 5,5 polegadas, ou seja, muito maior do que a do aparelho da Apple de 2013. Resumindo: a Asus escolheu o lugar errado para colocar o botão de desbloqueio, que é um dos mais usados no dia a dia. Faria mais sentido se a empresa seguisse os passos da LG e colocasse o componente na parte traseira do produto, abaixo da câmera, uma vez que os controles de volume estão por lá.
Notando isso, a fabricante colocou um recurso útil para quando o Zenfone 2 estiver sobre uma mesa. Com dois toques na tela, ela se ilumina e basta deslizar e colocar a sua senha para começar a usá-lo. Isso também é útil para quando você tem apenas uma das mãos livres, já que dá para ativar a tela com o polegar.
A tela do novo smartphone da Asus tem resolução de Full HD (1 080p). Apesar de não ser a melhor resolução disponível em smartphones concorrentes (o Moto Maxx, por exemplo, tem resolução Quad HD), esse display é o melhor já lançado no Brasil pela Asus. A tela grande é boa para ver vídeos e jogar games, claro, se você não se importar em ter um aparelho de grande porte no bolso ou na mochila.
O Zenfone 2 é o primeiro smartphone com 4 GB de RAM a ser lançado no mercado brasileiro. Dito isso, fica evidente que o aparelho, que tem processador Intel Z3580 quad-core de 2,33 GHz, se sai bem no quesito potência. Isso se comprovou nos testes de benchmark.
O processador Intel parece ser ainda o gargalo para o Zenfone 2, que ficou com resultados de benchmarks piores do que os do Galaxy S6, da Samsung, que usa um Exynos. Ainda assim, o aparelho venceu com folga o Moto X Play e é uma das melhores opções de compra no quesito poder de fogo.
Fora isso, o gadget tem GPU PowerVR G6430. Ela é a responsável pelo processamento gráfico e, sendo assim, é uma peça crucial para um bom desempenho em jogos. Ao rodarmos o Asphalt 8, poucas perdas de frames foram notadas, apesar da execução não ocorrer a 60 quadros por segundos. Na prática, quem não é atento ao framerate não sentirá mudanças no visual do jogo. Se o Asphalt 8 rodou bem nesse produto, você pode imaginar que Candy Crush e Minion's Rush vão se sair muito bem também.SistemaO Zenfone 2 vem com o sistema Android Lollipop. Sobre ele, vem a Zen UI, a personalização de interface da Asus. Quem está acostumado com o Android puro da linha Nexus e o pouco modificado visto nos produtos da Motorola vai estranhar bastante a interface do Zenfone 2. Ela tem um visual flat, com ícones de aplicativos quadrados com cantos arredondados. E as alterações estão aparentes por todo o sistema, nem a calculadora foi poupada.São muitos aplicativos que vêm pré-instalados no smartphone da Asus. Os que são de desenvolvedores terceiros podem ser apagados, mas os da própria fabricante, não (em alguns casos). Nem mesmo o Espelho, um app que só ativa a câmera frontal para que você possa ver como anda o visual, pode ser removido ou desativado.Mas os apps de fábrica não são de todo mal. Há coisas bem interessantes, como o Assistente de Áudio, que permite que você escolha perfis sonoros que adaptam o alto-falante para funcionar reproduzindo as melhores frequências para cada situação.
Já o PC Link permite integrar o Zenfone 2 com o seu PC para que você veja as notificações de aplicativos durante o expediente sem precisar pegar o celular na mão. O SuperNote oferece um espaço para escrita ou desenho à mão (com uma caneta ou com o dedo).
BateriaA bateria do Zenfone 2 não é mediana. Seus 3 000 mAh aguentaram por cerca de oito horas os testes de uso intenso do INFOlab. O tempo é menor do que o atingido pelo Galaxy S6 (10h09), mas supera a marca do iPhone 6 (5h58).O smartphone vem com um (útil) aplicativo de gestão de bateria. Ele oferece a escolha de perfis de energia pré-configurados. No modo mais drástico, até a comunicação com a rede da operadora é interrompida enquanto o aparelho está em repouso (com a tela desligada). É como se o modo avião estivesse ativo na maior parte do tempo.
CâmeraA câmera traz recursos interessantes para a fotografia. O software, todo modificado pela Asus, oferece uma série de modos de uso que eliminam a necessidade do usuário conhecer conceitos básicos sobre a arte da fotografia. Há perfis para cenas pouco iluminadas, para poses norturnas, HDR, sorriso em grupo e até mesmo para fotos panorâmicas em formato esférico.A qualidade das fotografias não é alta. Apesar dos 13 MP da câmera principal, não há um alto nível de detalhe, ou seja, os objetos fotografados não ficam muito bem definidos. O ponto é que a câmera tem pouco alcance dinâmico. Por isso, ela não consegue fazer um bom balanço entre tonalidades claras e escuras na mesma foto. Fora isso, falta um pouco mais de saturação nas imagens. A quantidade de recursos de software parece ser a forma da Asus de compensar a falta de qualidade do sensor.
Agora, quando o assunto é tirar fotos de detalhes, a câmera do Zenfone 2 se sai muito bem. Ela consegue até mesmo desfocar o fundo e dar destaque para o objeto fotografado, algo que as câmeras DSLR fazem. Evidentemente, o resultado não é livre de falhas se compararmos o aparelho com uma câmera propriamente dita, mas o Zenfone 2 consegue fazer mais do que a média de sua categoria.Já a câmera dianteira tem qualidade interessante. Não só pelo nível de detalhe, mas pela quantidade de recursos. Dá para afinar o rosto, melhorar a aparência de maciez da pele e até aumentar o tamanho dos olhos. Com este último recurso, dá pra ficar parecido com os demônios do seriado americano Supernatural.
Os vídeos têm qualidade aceitável com a câmera traseira. Dá para filmar trechos de shows ou fazer gravações do seu cachorro brincando em um domingo no parque. Há um recurso de câmera lenta, mas não espere muito dele, pois se trata de uma função adicional e seu desempenho é bem básico.A estabilização de imagem é feita via software, ou seja, trechos da filmagem são cortados para manter o posicionamento da imagem. Isso é ruim para a qualidade do vídeo.
O Zenfone 2, sem dúvidas, é o campeão entre os smartphones do topo da gama intermediária do mercado. Isso é o resultado dos 4 GB de RAM, aliados com a potência do processador Intel. A câmera dele poderia ser melhor? Sim. A duração de bateria poderia ser maior? Certamente. Mas esse é um smartphone com poder de fogo de sobra para realizar diversos tipos de atividades na sua vida digital. No dia a dia, não há nada que você não consiga fazer com ele.Ficha técnicaAvaliação técnica
Antutu (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
---|---|
Zenfone 2 | 47789 |
Moto X Play | 37103 |
Vellamo (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Zenfone 2 | 3145 |
Moto X Play | 2380 |
3D Mark (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Zenfone 2 | 19909 |
Moto X Play | 7857 |
Benchmark | Geekbench |
Zenfone 2 | 2850 |
Moto X Play | 2644 |
Basemark OS 2 (em pontos) | Barras maiores indicam melhor desempenho |
Zenfone 2 | 1242 |
Moto X Play | 835 |
Sistema operacional | Android Lollipop |
Processador | Intel Atom Z3580 |
CPU | Quad-core 2.3 GHz |
GPU | PowerVR G6430 |
Armazenamento | 32 GB + microSD de até 64 GB |
RAM | 4 GB |
Tela | 5,5 IPS (Full HD) com Gorilla Glass 3 |
Peso | 170 g |
Bateria | 8h10 |
Prós | Configuração de ponta; Boa câmera de selfies; Preço competitivo |
Contras | Pouco ergonômico |
Conclusão | Smartphone excelente para sua faixa de preço, mas câmera principal deveria ser melhor |
Configuração | 9.1 |
Usabilidade | 8.5 |
Foto | 7.5 |
Bateria | 7.5 |
Design | 8.0 |
Média | 8.3 |
Preço | R$ 1 499 |