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Wikipédia quer oferecer acesso livre pelo celular no Brasil

A Fundação Wikimedia anunciou o projeto Wikipédia Zero, parceria com operadoras de telefonia para oferecer acesso gratuito à enciclopédia por meio de um app


	Wikipedia: no Brasil, computador do governo foi usado para alterar informações de jornalistas
 (Peter MacDiarmid / Getty)

Wikipedia: no Brasil, computador do governo foi usado para alterar informações de jornalistas (Peter MacDiarmid / Getty)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2014 às 10h28.

Londres - Enciclopédia virtual mais famosa do mundo, a Wikipédia quer ampliar e facilitar o acesso ao seu conteúdo em países emergentes. No início do mês, a Fundação Wikimedia, responsável pelo site, anunciou o projeto Wikipédia Zero, uma parceria com operadoras de telefonia para oferecer acesso gratuito ao conteúdo da enciclopédia por meio de um aplicativo para smartphones.

Lançado em 29 países, o projeto deve chegar ao Brasil nos próximos meses. "Estamos em fase final de negociações com uma operadora brasileira, mas gostaríamos de trabalhar com todas", disse Carolynne Schloeder, diretora da parte móvel da Fundação, com exclusividade ao jornal O Estado de S.Paulo.

A novidade chegará ao Brasil em um momento em que o sistema da Wikipédia - o quinto site mais acessado do mundo - é questionado no país. A notícia de que um endereço de IP de dentro do governo federal foi usado para alterar informações nas páginas de jornalistas, como Miriam Leitão, acabou gerando dúvidas e revelando desinformação sobre o funcionamento da enciclopédia. O artigo sobre a jornalista teve a sigla "LOL" (que significa gargalhar) inserida no texto.

Não se trata de uma novidade, já que atos semelhantes aconteceram no passado e também em outros países. Em um caso parecido nos EUA, a Wikipédia foi obrigada a banir usuários de dentro do Congresso americano depois que um funcionário iniciou colaborações no site.

Fundada em 2001 pelo americano Jimmy Wales, a enciclopédia construída apenas com contribuições de voluntários ganhou força com os anos e se tornou referência para qualquer pesquisa.

Um levantamento recente no Reino Unido apontou que os ingleses confiam mais nos autores da Wikipédia (64%) do que nos jornalistas da BBC (60%). Entretanto, os recentes casos de edições por fins políticos expõem uma fragilidade eminente no sistema do site: a legitimidade das informações.

Colaboração

Existem diferentes capacidades de edição na Wikipédia, todas abertas a qualquer pessoa. O editor "anônimo" é qualquer pessoa que faz alterações em um verbete sem se registrar no site. Com o registro, pode-se ascender a diversas posições, entre elas "autoconfirmado" (no Brasil, editores cadastrados há pelo menos quatro dias) e "administrador" (com poderes, por exemplo, de trancar páginas).

Qualquer alteração no conteúdo precisa seguir regras específicas, justamente para evitar a inclusão de informações duvidosas e o vandalismo de certas páginas - alguns verbetes são trancados pelos administradores, como os de George W. Bush, Dilma Rousseff e Lula. Editores e administradores monitoram o site em busca de edições maliciosas.

"O vandalismo nas páginas da Wikipédia é chocante. Mas esse tipo de edição é removida em minutos graças à comunidade", diz Stevie Benton, chefe de relações exteriores da Wikipédia no Reino Unido. São cerca de 1,5 mil editores ativos editando páginas em português e 38 mil usuários cadastrados.

As 835 mil páginas em português ainda são minoria se comparadas com as mais de 4 milhões em inglês. De acordo com as regras da Wikipédia, uma página só pode ser criada se houver relevância e notoriedade.

No caso de conflito de interesses, um editor não pode modificar uma página inteira por conta própria. Nem sempre a edição de verbetes por interesses próprios consegue ser evitada. A prática é desencorajada pela Fundação Wikimedia.

"Recentemente modificamos os termos de uso obrigando usuários pagos para editarem a revelarem (que são pagos)", disse ao Estado a diretora de comunicações da Fundação Wikimedia, Katherine Maher.

Esse comportamento se tornou tão comum que um grupo de onze assessorias de imprensa estrangeiras conhecidas assumiu recentemente um compromisso público de não mexer nas páginas da Wikipédia de seus clientes.

Esses casos são investigados pela própria comunidade, que identifica diferentes padrões de edições, semelhantes, feitas diversas vezes em um espaço de tempo. Recentemente, um outro tipo de edição de conteúdo se tornou um problema para a Wikipédia. A lei europeia que dá direito ao cidadão de pedir para que informações sejam apagadas da internet, o chamado "direito ao esquecimento", fez com que pelo menos dez páginas tenham sido retiradas do ar a pedido de usuários.

Jimmy Wales chamou a lei de "insana". Ana Toni, única brasileira a participar do conselho curador da Fundação Wikimedia, disse ao jornal O Estado de S.Paulo ser contra a lei. "Temos que lutar pela liberdade de informação.

A Wikipédia traz uma oportunidade incrível para a educação, para as crianças e professores", defendeu ela, que está deixando o cargo.

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