Tecnologia

Volume morto do Cantareira não garante abastecimento

Vazão do Cantareira é de 5,7 metros cúbicos por segundo, mas deveria ser de 28 metros cúbicos por segundo

Cantareira (Sabesp)

Cantareira (Sabesp)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2014 às 14h12.

Mesmo com a captação de água do volume morto do Sistema Cantareira, os recursos hídricos disponíveis no conjunto de mananciais não será suficiente para garantir o abastecimento da Grande São Paulo e das demais cidades do interior de São Paulo até o final deste ano. O cálculo é da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) e foi apresentado nesta segunda-feira, 12, durante reunião do comitê anticrise em Campinas, informou o Comitê das Bacias do PCJ.

Em nota, o comitê do PCJ, que divide a exploração do Cantareira com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), afirma que já durante o pico do período de estiagem, nos meses de agosto e setembro, faltará água em algumas das região atendidas pelo sistema.

No acumulado do mês de maio até o momento, a vazão de afluência média registrada nas reservas do Cantareira foi 5,7 metros cúbicos por segundo. No entanto, para atender a demanda de água na capital paulista, região metropolitana e cidades do interior, a vazão de afluência no período seco deveria ser de 28 metros cúbicos por segundo. Segundo o comitê, mesmo que a Sabesp dê início à captação do chamado volume morto (água do fundo dos reservatórios), previsto para ocorrer nesta quinta-feira, 15, ainda haveria um déficit de metros cúbicos por segundo para garantir o abastecimento de água para todas as regiões.

"A quantidade de água disponível não vai atender as demandas hídricas nas Bacias PCJ e na Região Metropolitana de São Paulo. As vazões disponíveis para as duas regiões são inferiores às registradas em anos anteriores, o que torna necessário compatibilizar as demandas com a disponibilidade hídrica atual", afirmou o superintendente adjunto da área de regulação da ANA, Patrick Thomas, durante a reunião dessa segunda.

Segundo ele, apesar da situação crítica do manancial, a reguladora federal não tem autonomia para impor um racionamento de água em São Paulo. A imposição do chamado "racionamento preventivo" só poderia ocorrer em cidades ou Estados que já houvessem decretado estado de emergência ou de calamidade pública. Hoje, o nível dos reservatórios do Cantareira bateu novo recorde negativo de capacidade, chegando a apenas 8,6% de sua capacidade total.

Outorga

Ainda na reunião, a ANA sinalizou que, diante da crise hídrica, deve adiar a renovação da outorga do Sistema Cantareira, prevista para ocorrer em agosto deste ano. O documento que estabelece os limites de captação de água das reservas foi publicado em 6 de agosto de 2004 e teria vigência de 10 anos. Nele, a reguladora já alertava que a Sabesp deveria "providenciar estudos e projetos que viabilizassem a redução da dependência da concessionária em relação ao sistema".

Procurada, a Sabesp ainda não respondeu se adotará novo posicionamento em relação ao risco de um racionamento de água na Grande São Paulo. Até o momento, a companhia descartava qualquer hipótese de um corte involuntário no abastecimento em 2014. A atual crise já obrigou a concessionária a anunciar em corte de R$ 900 milhões no seu orçamento para o ano.

Acompanhe tudo sobre:Águacidades-brasileirasINFOMeio ambienteMetrópoles globaissao-paulo

Mais de Tecnologia

Segurança de dados pessoais 'não é negociável', diz CEO do TikTok

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble