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Você trocaria crachá e senha do trabalho por um chip sob a pele?

Uma empresa americana substituiu crachás e senhas por chips subcutâneos. A prática tem ganhado força na Europa e é chamada de biohacking

Chip: tecnologia permite uso para diversas tarefas (albln/Thinkstock)

Chip: tecnologia permite uso para diversas tarefas (albln/Thinkstock)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 28 de julho de 2017 às 05h55.

Última atualização em 28 de julho de 2017 às 05h55.

São Paulo – Uma história chamou a atenção nesta semana. Uma empresa de quiosques de vendas chamada Three Square Market, sediada nos Estados Unidos, encontrou uma solução para facilitar a vida de seus funcionários: colocar chips sob a pele da equipe.

A ideia é que a tecnologia seja usada na autenticação de serviços da empresa por meio da tecnologia NFC—a mesma usada em bilhetes únicos no Brasil e pagamentos digitais, como Android Pay ou Apple Pay. Esse implante substituiria senhas e crachás do escritório. Ainda será possível realizar compras na loja interna usando o chip para o pagamento.

O que parece ser uma história do futuro, é um conto bem contemporâneo. Em apenas alguns dias (a partir do dia 1º de agosto), os chips, que têm tamanho de um grão de arroz, serão colocados entre o polegar e o dedo indicador de 50 funcionários da Three Square Market--veja a imagem do chip abaixo. Outros 30 trabalhadores da empresa preferiram não participar do programa—a adição do chip era opcional.

Chip NFC que será usado pela empresa Three Square Market em seus funcionários

Chip que será usado pela Three Square Market custa US$ 300 (Three Square Market/Thinkstock)

O CEO da empresa Todd Westby parece animado com a novidade. “Eventualmente, essa tecnologia será padronizada permitindo que seja usada como seu passaporte, identificação para transporte público, compras, etc”, diz o CEO em pronunciamento à imprensa.

Westby fez alguns esclarecimentos importantes em uma entrevista à rede de televisão americana ABC. Ele afirmou que os dados são criptografados e armazenados de forma segura. “Não há qualquer rastreamento por GPS”, explica.

O projeto não é o primeiro ao redor do mundo. A prática de aliar tecnologia ao corpo humano é chamada de “biohacking”. O programa da Three Square Market está sendo feito em parceria com uma empresa sueca de tecnologia, a BioHax International.

É da Suécia, aliás, de onde saem grandes exemplos de biohacking. Um texto de abril deste ano, produzido pela agência Associated Press (AP), mostrava outros exemplos.

A companhia Epicenter, sediada em Estocolmo, tem um projeto de chips subcutâneos também. “O grande benefício, eu acredito, é a conveniência”, disse à reportagem o CEO da companhia Patrick Masterton antes de abrir uma porta usando o implante em uma das mãos.

Uma companhia de trens da Suécia, a SJ, recentemente passou a permitir que usuários do transporte usem chips implantados como comprovante de pagamento. A compra continua sendo feita por meio do site ou app da SJ.

A diferença é que um comprovante virtual é enviado ao chip, que é conferido pelo fiscal do trem usando um leitor eletrônico. Estima-se que cerca de 2.000 suecos tenham implantes de chips em seus corpos.

Polêmicas

É claro que a iniciativa não vem sem suscitar questionamentos. Uma das principais preocupações sobre o assunto é relacionada a hackers e privacidade das informações.

Um microbiólogo do Instituto Karolinska, Ben Libberton, da Suécia, comentou o assunto com a AP. A principal preocupação do pesquisador é com qual tipo de informação será armazenada no chip. “Conceitualmente, você poderia conseguir dados de saúde, localização, quanto você trabalha, se está tirando pausas durante o dia e coisas assim”, diz.

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