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Você pode ser vegetariano, mas e a sua empresa aérea?

Sebo animal pode ser usado como combustível

Fazenda de gado: demanda por regularização foi maior que a esperada (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

Fazenda de gado: demanda por regularização foi maior que a esperada (Reprodução/Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 14h52.

Vegetarianos, cuidado. Seu próximo voo pode usar subprodutos animais como combustível. Em busca de um combustível renovável para jatos, pesquisadores trabalham atualmente em uma forma renderizada de gordura animal – o subproduto das carnes processadas conhecido como sebo bovino – como possível alternativa sustentável aos combustíveis fósseis.

Esta é uma das formas pelas quais as companhias aéreas estão tentando cortar custos e reduzir suas emissões em meio à explosão das viagens aéreas, que fará dobrar o número de passageiros até 2035, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Como as empresas aéreas respondem por 2 por cento das emissões anuais de carbono, o impacto ambiental da aviação virou prioridade para executivos e órgãos reguladores – estimulando o interesse por substitutos acessíveis para os combustíveis.

A gordura animal renderizada não é a única substituta em estudo. Em setembro, cerca de 30 por cento da carga de combustível de um voo da United Airlines de São Francisco a Zurique foi um biocombustível derivado de carinata, um tipo de semente de mostarda. Um mês depois, a Virgin Airlines anunciou o primeiro voo comercial parcialmente movido a álcool. Uma startup desenvolveu um bioprocesso de fermentação que converte micróbios encontrados em subprodutos de iogurte grego em bio-óleos. E mais recentemente a Delta e a empresa de tecnologia Agilyx fecharam acordo para produzir um combustível de aviação renovável feito de uma matéria-prima sintética produzida por resíduos plásticos.

Onde está o boi?

A AltAir Paramount, em Los Angeles, foi uma das primeiras refinarias a converter sebo bovino em biocombustível. Além disso, converte gordura de frango e cânhamo em combustível de aviação.

“Peguei uma refinaria ociosa que produzia derivados de petróleo -- de todo tipo, desde borracha até óleo diesel -- e a converti em uma unidade de combustível de aviação renovável”, disse Jason Aintabi, presidente da Vandewater Capital Holdings e ex-acionista controlador da AltAir Fuels, que é dona da refinaria Paramount.

A AltAir Fuels começou a trabalhar com o Departamento de Defesa dos EUA em 2011 para começar a converter gordura em combustível. Em março deste ano a empresa foi comprada pela World Energy, uma das maiores fornecedoras de biocombustível avançado da América do Norte. Após a fusão, a empresa conta com mais de 925 milhões de litros de capacidade de produção de biodiesel e combustível de aviação.

A garantia de uma fonte confiável de energia renovável ajudaria as empresas aéreas a se protegerem de disparadas dos preços nos mercados de energia. No momento está mais caro depender unicamente do combustível tradicional. As emissões de ciclo de vida associadas ao combustível tradicional também são mais altas.

A combinação de pressões regulatória e do mercado está estimulando mudanças. Até junho foram realizados mais de 130.000 voos comerciais com biocombustível, segundo a Iata. A partir do ano que vem, empresas aéreas de todo o mundo monitorarão e reportarão emissões aos órgãos reguladores.

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