Donald Trump: a volta do republicano deve por as criptomoedas no centro da economia americana (Jon Cherry/Getty Images)
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 09h02.
Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 11h28.
A eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA marcou o início de uma nova era para o setor de criptomoedas. Ao lado de seu vice-presidente, o senador de Ohio J.D. Vance, Trump anunciou uma série de promessas que sinalizam uma postura inédita de apoio direto às criptos e à tecnologia blockchain.
O país vizinho que deixou o Brasil para trás na criação de empresas de inteligência artificialEm suas declarações mais recentes, Trump deixou claro que uma de suas prioridades será reestruturar a SEC, Comissão de Valores Mobiliários, atualmente liderada por Gary Gensler, que será substituído no “primeiro dia” da nova gestão. Diante de uma plateia que reagiu com entusiasmo, Trump brincou, surpreso: “Eu não sabia que ele era tão impopular.”
O mercado cripto respondeu de forma acelerada. Logo após o anúncio da vitória, o Bitcoin alcançou um novo pico de US$ 75.000, enquanto memecoins como Dogecoin e Shiba Inu, associadas a uma demanda especulativa popular, dispararam mais de 19% e 7%, respectivamente.
A valorização das criptos reflete a expectativa de que a nova gestão finalmente trará integração e legitimidade ao setor, até então marginalizado pelos reguladores.
Além da demissão de Gensler, Trump anunciou a criação de um conselho consultivo de Bitcoin e criptomoedas, com o objetivo de definir diretrizes para o setor em parceria com o Departamento do Tesouro.
Ele também se posicionou contra o desenvolvimento de uma moeda digital do banco central (CBDC), declarando enfaticamente que “nunca haverá uma CBDC enquanto eu for presidente dos Estados Unidos”.
Em vez disso, o presidente eleito promete fortalecer a dolarização digital, incentivando stablecoins privadas, como o USD Coin (USDC), e reafirmando o direito de autoguarda para que indivíduos possam manter suas criptos de forma independente.
J.D. Vance, o novo vice-presidente, é um conhecido defensor da Web3 e um crítico aberto das políticas regulatórias que restringem o setor.
Em 2023, Vance apresentou um projeto de lei para proteger bancos de pressões regulatórias que visam cortar laços com empresas de criptomoedas, além de criticar as ações punitivas da SEC contra protocolos descentralizados.
Ele também elaborou propostas legislativas que superam a Lei de Inovação Financeira e Tecnologia para o Século 21 (FIT21), amplamente apoiada pela indústria cripto, com foco em acelerar a integração da tecnologia blockchain nos mercados regulados.
A postura de Trump e Vance colocou o tema da criptoeconomia no centro do debate entre grandes nomes da tecnologia. A vitória de Trump teve apoio de figuras como Marc Andreessen, Ben Horowitz e os gêmeos Winklevoss, que veem na nova administração uma oportunidade para uma economia digital mais livre e impulsionada pela inovação.
Por outro lado, líderes da tecnologia como Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, e Sheryl Sandberg, ex-COO da Meta, declararam apoio à candidata democrata Kamala Harris, que, por sua vez, manteve contato com grandes players da indústria para explorar futuras regulamentações “pró-negócios responsáveis.”
Para o setor de criptomoedas, a nova administração traz um cenário de otimismo após anos de restrições. Trump prometeu manter as reservas de Bitcoin já detidas pelo governo como um “estoque estratégico nacional de Bitcoin”, que fortaleceria a posição dos EUA no mercado cripto global.
Além disso, sua reviravolta sobre o Bitcoin – que ele antes criticava como “competição ao dólar” – agora é vista como um sinal de aceitação estratégica para expandir a posição dos EUA na Web3.