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Violência faz Twitter ganhar adeptos no México

Só o presidente do país, Felipe Calderón, tem mais de 500 mil seguidores

Santa Fé, no México: contas no Twitter foram criadas para alertar sobre violência (Wikimedia Commons)

Santa Fé, no México: contas no Twitter foram criadas para alertar sobre violência (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 10h39.

Cidade do México - A rede social Twitter está crescendo no México especialmente entre algumas dependências públicas que começam a utilizá-la para tentar justificar boatos e informar sobre incidentes de violência.

"Não é para alertar de tiroteios. O objetivo pelo qual a conta foi feita (@sspdgo, da Secretaria de Segurança Pública de Durango) é emitir informação real no momento dos fatos para dar certeza e tranquilidade aos cidadãos", explicou à Agência Efe Fernando Fonseca, porta-voz policial.

Um relatório da empresa de consultoria Mente Digital, divulgado neste mês, assinala que do total de usuários de Twitter no México, unicamente 0,6% são Governos, instituições, partidos e políticos, e 1,4% instituições educativas e acadêmicas.

A tendência parece estar mudando. Se o presidente do México, Felipe Calderón, com mais de 500 mil seguidores e mais de mil de "tweets", utiliza o meio de forma regular há meses para fazer certos anúncios, há uma semana a Secretaria de Segurança Pública de Durango criou sua conta por "instrução direta" do governador, Jorge Herrera Caldera.

Em uma semana a conta já possuía mais de 2,3 mil seguidores e muitos comentários bons, explica em entrevista à Efe o coordenador da @sspdgo, Fernando Fonseca.

A ideia "vai além de só alertar para que não passem por um lugar porque há tiros".


Há quatro dias, minutos após começar uma briga em um centro de readaptação social, "começou a circular um boato de que havia 40 mortos", explica Fonseca, mas a crise terminou com um morto e dois feridos.

O funcionário twittou o dado oficial e abortou uma crise potencial por um falso rumor que poderia ter gerado um alarme social desnecessário.

No também nortista estado de Coahuila, palco há poucos dias de vários fatos violentos em Saltillo, foi a Secretaria de Educação que iniciou uma conta (@seccoah) para que os professores saibam o que fazer em situações de risco e evitem colocar os alunos em perigo.

Em três dias, a conta já possui mais de 600 seguidores que felicitaram ou criticaram os responsáveis pela educação estadual.

Assim, César Zamora se pergunta "quando haverá realmente uma capacitação para que os professores saibam o que fazer no caso de uma situação de emergência", enquanto Manuel Sánchez dava as boas-vindas ao serviço em outra mensagem.

Em entrevista à Efe, o acadêmico Mario Campos, professor de Jornalismo e Comunicação da Universidade Ibero-Americana (UIA), explica que as redes sociais em geral, no México, vieram a ocupar "vazios de informação" existentes no país, como consequência da violência derivada dos enfrentamentos entre organizações criminosas, Exército e Polícia.


O acadêmico admite que "as autoridades de alguns estados renunciaram informar de maneira formal, oportuna e clara".

Além desse problema, alguns meios de comunicação enfrentam uma crescente autocensura derivada "da falta de condições para exercer o jornalismo", acrescenta. Tudo isso abriu espaço para Twitter, Facebook e outras redes.

Para o especialista "a pior política de comunicação" que pode haver é "a do silêncio", e meios como o Twitter permitem comunicar "imediatamente" e "diretamente ao cidadão" algumas mensagens fundamentais.

Em geral, explica Campos, o lado bom das redes sociais é que "multiplicam os potenciais informadores", mas ao mesmo tempo existe nelas o problema de que "a informação carece de qualquer rigor metodológico", o que faz com que também entre por essa via notícias falsas.

"No final, a rede serve para que os cidadãos compartilhem aquilo que consideram relevante", o que no caso do México tem maior importância porque "o jornalismo está sendo silenciado".

No México, estima-se que há 4,1 milhões de usuários do Twitter, dos quais 2,48 milhões estão ativos, segundo dados da empresa Mente Digital.

Por cidades, 60% dos usuários se concentram no Distrito Federal, onde está a capital do país, 17% em Monterrey e 10% em Guadalajara, as duas últimas sofreram bloqueios do tráfico nos últimos meses.

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