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Vingadores, Star Wars e desconto são armas do Disney+ para ganhar o Brasil

Em entrevista à EXAME, Hernan Estrada, gerente-geral da Disney no Brasil, afirmou que amor pelos conteúdos da empresa é o diferencial do streaming

 (The Mandalorian/Reprodução)

(The Mandalorian/Reprodução)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 16 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 00h06.

Foi em 2019 que a Disney anunciou que entraria de vez em uma batalha que ficava cada vez mais movimentada. Há pouco mais de um ano, o streaming Disney+ era lançado com um barulho ensurdecedor e que levantou dúvidas no mundo todo: o que acontece quando a maior empresa de entretenimento global decide se aventurar em novas águas? É tarde demais? E o que as concorrentes, como o Amazon Prime Video e a Netflix, têm a perder?

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Algumas respostas não são claras nem agora. É claro que a companhia do Mickey não conseguiria prever que a pandemia do novo coronavírus fecharia a maioria de seus parques, aumentando o prejuízo e diminuindo o lucro astronômico dos anos anteriores. Mas outra coisa que a empresa não poderia prever, também, era o sucesso que seu streaming teria em pouco tempo. A expectativa era de que ele alcançaria de 60 a 90 milhões de assinantes até 2024.

Os resultados divulgados na última quinta-feira mostraram um apetite feroz pelos heróis da Marvel, pela saga Star Wars e por todo um universo que existe há quase cem anos. Em um ano, o Disney+ conseguiu bater a marca de mais de 73 milhões de assinantes --- número que deve aumentar com a chegada do streaming no Brasil nesta terça-feira, 17.

"O lançamento do Disney+ aqui no Brasil é um momento histórico para nós. É um ponto de reflexão na história companhia sobre como vamos nos relacionar e oferecer o conteúdo para os consumidores. Estamos otimistas, engajados e muito comprometidos para que isso seja um sucesso e que marque muito o futuro da companhia daqui pra frente", conta Hernan Estrada, gerente-geral da Disney no Brasil, em entrevista à EXAME.

Para tentar garantir uma fatia ainda maior do sucesso, a Disney fez parcerias com quatro empresas que têm forte penetração no mercado brasileiro: o Globoplay, streaming da Rede Globo, a Vivo, o Mercado Livre e o Banco Bradesco. Todas as companhias oferecem um benefício diferente para o futuro assinante do Disney+, que custará 19,82 reais por mês. O Mercado Livre, por exemplo, terá um pacote de assinatura é baseado nos níveis de compras realizados na plataforma — quando mais o usuário compra, maior a gama de benefícios oferecidos a ele. Quem está no nível um, por exemplo, ganha um mês grátis na assinatura do Disney+, quem está no nível quatro, quatro meses — e assim sucessivamente.

Atingir diversos setores (varejo digital, telecom, bancos) pode ter sido um tiro certo e maximizar os resultados da companhia a longo prazo. A escolha dos parceiros, como tudo na Disney, não foi arbitrária ou uma sorte de principiante no streaming. "Sem dúvidas todas as parcerias que temos aqui no Brasil são muito fortes, com companhias que têm trajetória, e todas vão contribuir para expandir o acesso dos brasileiros ao Disney+. Oferecemos opções diferentes às pessoas para elas terem facilidade para escolher. E os parceiros foram selecionados pela seriedade e pelo sucesso deles como empresa", explica Estrada.

Outro fator que pode contribuir para a adesão rápida ao streaming do Mickey é o fato de que todos os conteúdos produzidos pela empresa agora estarão disponíveis somente no Disney+ --- um trunfo e tanto. Basta pensar nas bilheterias dos últimos anos, dominadas por filmes da Disney, como é o caso de "Vingadores: Ultimato", líder mundial da história do cinema, com um lucro de 2,8 bilhões de dólares. A partir de terça, a opção de maratonar todos os filmes dos heróis da Marvel será possível somente no streaming da Disney.

Mas os conteúdos de sucesso não param por aí. É da Disney também os direitos da saga Star Wars, uma das mais famosas do mundo. Foi no Disney+ que foi lançada a série The Mandalorian, sucesso entre os assinantes da plataforma, derivada do universo que consagrou Luke Skywalker, Leia Organa e Han Solo --- e que trouxe à tona um dos personagens mais fofos da história da galáxia tão, tão distante: Baby Yoda.

É por conta do amor pelas marcas que Estrada aposta em bons resultados para o streaming --- dentro e fora do Brasil. "Eu vejo que a gente tem, em todos os mercados, jogadores muito fortes, muito bons, com experiências fantásticas, como a Apple, a Netflix, a Amazon... eles todos têm propostas muito bem montadas, mas a oferta que a Disney vai trazer é bem diferente por dois motivos", explica.

"O primeiro é o emocional, das marcas, temos muitas pessoas que escolhem nossas histórias simplesmente por elas serem da Disney. As pessoas gostam da Marvel, gostam da Pixar, gostam de Star Wars. Esse é nosso maior diferencial", continua. Em segundo, para Estrada, está o fato de a plataforma ter "uma tecnologia e um desenvolvimento muito sofisticado". "Estamos disponibilizando para os assinantes coisas que as pessoas vão gostar muito, como downloads ilimitados", diz. No Disney+ também será possível ter acesso a quatro telas simultâneas com apenas uma conta, sem preço adicional, e um controle parental que permitirá que os pais ocultem determinados filmes para que seus filhos não tenham acesso.

Além do que já existe, Estrada afirmou que a empresa está empenhada em criar cada vez mais novos conteúdos exclusivos para o streaming --- inclusive produções locais, feitas e estreladas por brasileiros. "O que vemos até hoje é que o consumidor do streaming no mundo inteiro tem uma expectativa de encontrar conteúdo local. As pessoas gostam de assistir histórias que sejam relevantes para elas, em seu idioma, com seus atores... esse tipo de relevância é um fator crítico que estará na Disney", afirma. Nenhuma produção feita no Brasil foi anunciada ainda.

E investir em conteúdo próprio é uma boa aposta. Ao todo, a Netflix tem mais de 1.000 produções próprias, 30 delas brasileiras. Nem sempre as criações dão lucro, mas, para Ted Sarandos, co-presidente da companhia, o conteúdo original é o que ajuda a diferenciar a Net­flix de outras plataformas e torna a empresa um serviço essencial para os clientes. A mesma linha, então, deve ser seguida pela Disney, com séries como a já citada The MandalorianHigh School Musical The Musical The SeriesWanda Vision

Quando pedimos para Estrada definir a experiência do Disney+ com apenas uma palavra, em um meio sorriso ele afirmou: "maravilhosa". A partir desta terça-feira, os usuários serão capazes de avaliar por si mesmos.

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