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Vai ter que vender o Chrome? Google volta aos tribunais para tentar evitar divisão

'Está em jogo nada menos que o futuro da internet', afirma procuradora. Big tech diz que ação 'impulsiona uma agenda intervencionista radical que prejudicará os americanos'

Google perde parcialmente caso antitruste sobre tecnologia de publicidade nos EUA (Thomas Trutschel / Colaborador/Getty Images)

Google perde parcialmente caso antitruste sobre tecnologia de publicidade nos EUA (Thomas Trutschel / Colaborador/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de abril de 2025 às 08h42.

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O Google voltou à Justiça na segunda, 21, para as audiências que vão determinar se a gigante americana, considerada culpada de abusar de sua posição dominante como motor de buscas na internet, deve se separar de seu navegador Chrome. O Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) - orgão do governo americano que processou o Google - apresentou seus argumentos em uma audiência perante o juiz federal Amit Mehta, que avalia "soluções" após julgar, no ano passado, que o Google mantém um monopólio ilegal nas buscas on-line.

"Está em jogo nada menos que o futuro da internet. Se o problema de conduta do Google não for resolvido, ele controlará grande parte da internet na próxima década, e não apenas as buscas, mas novas tecnologias como a inteligência artificial (IA)", declarou a procuradora-geral adjunta dos Estados Unidos para a divisão antitruste, Gail Slater, antes do início da audiência em Washington.

Alphabet pagou para Samsung instalar app em smartphones

Na audiência de ontem, o vice-presidente de plataformas e parcerias de dispositivos do Google, Peter Fitzgerald, admitiu que a Alphabet Inc (dona do Google) pagou à Samsung uma "enorme quantia em dinheiro" todos os meses para a empresa coreana pré-instalar o aplicativo de IA generativa do Google, Gemini, em seus celulares e dispositivos. A prática de pagar por instalações já foi considerada ilegal duas vezes.

A gigante do Vale do Silício argumentou que o governo federal foi muito além do alcance do processo ao recomendar uma separação do Chrome e manter aberta a opção de forçar a venda de seu sistema operacional para dispositivos móveis, o Android.

"O DoJ optou por impulsionar uma agenda intervencionista radical que prejudicará os americanos e a liderança tecnológica mundial dos Estados Unidos", disse o presidente de assuntos globais do Google, Kent Walker, assinalando que o processo judicial se concentrou nos acordos do Google com parceiros como Apple e Samsung para distribuir suas ferramentas de busca.

O caso do DoJ contra o Google relativo ao domínio das buscas on-line foi apresentado em 2020. O juiz Mehta emitiu sua decisão desfavorável ao Google em agosto de 2024, e a big tech volta aos tribunais poucos dias depois que outro juiz julgou que ela monopoliza o mercado da publicidade na internet. A publicidade on-line é a principal atividade do Google e custeia serviços on-line bastante utilizados, como Maps, Gmail e as buscas, que oferece gratuitamente. O dinheiro arrecadado também permite à companhia tecnológica gastar bilhões de dólares em IA.

Segundo o testemunho de Peter Fitzgerald ao juiz Amit Mehta, o contrato da Alphabet com a Samsung tem duração mínima de dois anos e prevê pagamentos mensais fixos para cada dispositivo com o Gemini pré-instalado , com a Samsung recebendo uma porcentagem da receita que o Google obtém com anúncios no aplicativo. O valor pago pelo Google à Samsung não foi revelado no tribunal.

O juiz Mehta já tinha concluído no ano passado que a prática do Google de pagar à Samsung para ser o mecanismo de busca padrão em seus dispositivos viola a lei antitruste.

Entre 2020 e 2023, o Google pagou US$ 8 bilhões para tornar o buscador Google, a Play Store e o Google Assistente os padrões nos dispositivos móveis da Samsung, de acordo com depoimentos em um caso separado sobre a monopolização do ecossistema Android pela empresa. O júri federal que ouviu esse caso concluiu, em 2023, que o Google abusou de seu poder no mercado de aplicativos Android com suas políticas da Google Play Store. O Google está recorrendo.

 

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