Tecnologia

USP cria software que facilita gerenciamento da saúde

Software gerencia, em tempo real, fluxo de leitos e informações cadastrais e de atendimento de pacientes

O software livre SISAM13 permitir o gerenciamento via internet (Marcos Santos/USP Imagens)

O software livre SISAM13 permitir o gerenciamento via internet (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 10h47.

Ribeirão Preto - Pesquisadores do campus de Ribeirão Preto da USP desenvolveram um sistema capaz de armazenar e disponibilizar informações de pacientes, tanto cadastrais como do tratamento, e, ainda, das condições físicas do serviço, para diferentes áreas da saúde. O programa já está em uso na área de Saúde Mental, no Departamento Regional de Saúde XIII (DRS XIII), que reúne Ribeirão Preto e outras 25 cidades.

As principais novidades do software, denominado SISAM13, é o fato de ser livre. Por ser gratuito, permite o gerenciamento via WEB dos leitos destinados a pacientes da área de Saúde Mental, ou seja, a regulação desses leitos. “Ele tem mecanismos para efetuar a solicitação, avaliação e ordenação do encaminhamento de paciente, também em situações de urgência, de acordo com a necessidade, demanda e capacidade física nas unidades de saúde mental do DRS XIII”, relata o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, coordenador do grupo que desenvolveu o programa.

Ele diz que esse é um dos primeiros sistemas que permite o controle do fluxo de pacientes da Atenção Básica de Saúde, desde quando ele é atendido no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), até a atenção hospitalar (se ele for internado). Esse fluxo é chamado de referência no Sistema Único de Saúde (SUS). “O sistema também permite o controle do fluxo inverso, ou seja, a contra-referência, quando o paciente recebe alta hospitalar e volta a ser atendido no CAPS”, revela o professor.

Ele explica que o sistema apresenta três módulos principais que podem ser geridos em tempo real. Assim, uma alteração no sistema feita em determinada unidade é vista, ao mesmo tempo, em todas as unidades. ‘Avaliação de urgência e internação’ é o módulo pela qual será possível identificar, de maneira articulada, as necessidades reais entre oferta de serviços e demanda da rede de saúde mental. ‘Cadastro e acompanhamento eletrônico do paciente’ permite o cadastro e visualização de informação sobre os dados cadastrais, consultas e internações do paciente. ‘Referência e contra-referência’ apresenta todas as referências e contra-referências do paciente.


Número de leitos disponíveis

Entre as várias possibilidades do sistema está a do controle da capacidade física dos serviços. É possível saber em tempo real o número de leitos disponíveis para a área de saúde mental e qual paciente se encontra internado em determinado leito. “Quando o leito é desocupado, o sistema emitirá um sinal de alerta, em amarelo, e a quantidade de leito disponível na unidade onde o usuário se encontra logrado. Os leitos ocupados ficam em vermelho no sistema, já os disponíveis estão em verde”.

O professor Alves também comemora o fato de os gestores acessarem em tempo real, além das informações cadastrais dos pacientes e dos atendimentos a ele prestados, ou seja, seu prontuário eletrônico, o cadastro do próprio CAPS e os serviços que ele oferece. “Também terá a sua disposição a taxa de ocupação hospitalar, média de permanência, índice de renovação, índice de intervalo por substituição”.

O sistema foi desenvolvido por alunos do curso de Informática Biomédica, oferecido em conjunto pelas Faculdades de Medicina (FMRP) e de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP). Foi tema de trabalho de conclusão de curso de Vinicius Yoshiura e contou com a contribuição da professora Regina Furegato, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da USP, e da enfermeira Sueli Aparecida de Castro, do Hospital Santa Tereza.

Alves assegura que todo o desenvolvimento recebeu apoio da coordenadora de saúde mental da DRS XIII, Eliane Paula Silveira Mello e do diretor da DRS XIII, Ronaldo Capelli, além dos gestores de todos os municípios participantes da Regional.


Diferentemente dos sistemas de informação a nível estadual e federal que são desenvolvidos sem consulta a um gestor local, todos os envolvidos na gestão do sistema de saúde da região prestaram assessoria para o desenvolvimento do SISAM 13.

Observatório Regional de Atenção Hospitalar

O desenvolvimento do SISAM 13, específico para a área da Saúde Mental, segundo o professor Alves, atendeu uma necessidade imediata do Departamento Regional de Saúde XIII. Entretanto, ele afirma que o gerenciador pode ser estendido para todo o sistema de saúde de uma região. “O projeto foi desenvolvido numa parceira entre a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP e o Departamento Regional de Saúde XIII”, completa.

O SISAM 13 está inserido nos projetos do primeiro “Observatório de Atenção Hospital” do país. O objetivo desse Observatório é garantir que as informações em saúde, principalmente, as de assistência hospitalar, ganhem em qualidade e que tenham desdobramentos para a assistência, gestão e pesquisa em saúde.

“No observatório, estamos desenvolvendo metodologias, algoritmos e produtos de software para produzir os instrumentos tecnológicos necessários à construção de sistemas de assistência hospitalar regionalizados de capacidade pró-ativa, a partir da possibilidade de tratar as bases de dados hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) ou não integrados em um mesmo ambiente com dados caracterizadores da população e de seu lugar”, avalia o coordenador.

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