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US$ 100 bilhões, chips e supercomputadores: os detalhes do acordo entre Sam Altman e Jensen Huang

Acordo costurado por Sam Altman e Jensen Huang prevê até 10 gigawatts em supercomputadores e deixa Microsoft e Oracle em posição secundária

Quando dinheiro, chips e IA se encontram: o bastidor do pacto Altman–Huang (Getty Images)

Quando dinheiro, chips e IA se encontram: o bastidor do pacto Altman–Huang (Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 13h45.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 14h40.

Na véspera de embarcar para o Texas para anunciar o próximo grande projeto da OpenAI, Sam Altman ainda estava costurando um pacto histórico com a Nvidia. Depois de ligações noturnas, reuniões discretas em Londres, São Francisco e Washington, e até ajustes de última hora, ele e Jensen Huang, CEO da Nvidia, fecharam um acordo de US$ 100 bilhões, anunciado poucas horas antes de o avião decolar.

A proximidade entre os dois executivos vinha de semanas antes, quando participaram da visita de Estado de Donald Trump ao Reino Unido. O presidente americano chegou a ser informado sobre a parceria dias antes da divulgação oficial, reforçando a dimensão política e estratégica do movimento.

Huang descreveu à CNBC o pacto como “monumental em tamanho”. E de fato, a escala impressiona: a Nvidia, hoje a empresa pública mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 4,5 trilhões, comprometeu-se a investir US$ 10 bilhões por rodada na OpenAI, empresa avaliada em meio trilhão de dólares. Cada parcela será liberada à medida que novas capacidades de data centers entrarem em operação, evitando diluição acionária imediata. No total, estão previstas nove rodadas adicionais, num ciclo que financiará a construção conjunta de instalações de supercomputação de até 10 gigawatts.

O anúncio mexeu com outros parceiros da OpenAI. A Microsoft, maior acionista da startup e até pouco tempo fornecedora exclusiva de computação, só foi informada um dia antes da assinatura. A relação já havia esfriado: no início do ano, a exclusividade com o Azure foi encerrada.

Outro gigante impactado foi a Oracle, que menos de duas semanas antes havia revelado um contrato de US$ 300 bilhões em poder de computação com a OpenAI, a partir de 2027, dentro do projeto Stargate, iniciativa multibilionária que também conta com apoio da SoftBank. O acordo com a Nvidia também ficará sob esse guarda-chuva, mas reforça a estratégia de Altman de não depender de um único fornecedor.

Executivos confirmam que já analisaram entre 700 e 800 potenciais locais para instalar os novos centros, recebendo propostas de construtoras de toda a América do Norte. Energia disponível, prazos de licenciamento e condições de financiamento são os fatores decisivos. A primeira grande instalação deve entrar em operação no segundo semestre do próximo ano. Apesar da preferência pela Nvidia, a OpenAI garante que seguirá trabalhando com outras nuvens e fabricantes de chips, para manter flexibilidade em um setor onde a demanda cresce em ritmo vertiginoso.

O elo entre Altman e Huang, no entanto, é bem mais antigo que o boom da IA generativa. Em 2016, quando a OpenAI ainda era um laboratório sem fins lucrativos no Mission District, em São Francisco, Huang entregou pessoalmente o primeiro supercomputador DGX à equipe. Quase uma década depois, o gesto evoluiu para um pacto bilionário que pode redefinir a infraestrutura global da tecnologia.

O compromisso atual de US$ 100 bilhões é apenas parte do que a OpenAI planeja levantar para sua expansão. A empresa já cogita assumir dívidas para financiar o restante e até lançar um serviço próprio de nuvem, rivalizando com Amazon, Microsoft, Google e Oracle.

Enquanto os detalhes finais eram fechados na Califórnia, a equipe de infraestrutura da OpenAI estava em Tóquio reunida com Masayoshi Son, da SoftBank, para discutir um financiamento adicional que possa dar suporte ao tamanho que a OpenAI quer ter.

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