EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h27.
Após divulgar, na última sexta-feira (20/6), um prejuízo de mais de US$ 317 milhões em 2002, e outro já de US$ 52,2 milhões no primeiro trimestre deste ano, o UOL, maior provedor de acesso e conteúdo do Brasil, lançou novas ferramentas e anunciou a volta de uma grande campanha publicitária após três anos sem uma ação de grande porte.
Nesta segunda-feira (23/6), a empresa divulgou o lançamento de três novos produtos para os seus quase 1,2 milhão de assinantes: bloqueador de mensagens indesejadas (spam), bloqueador de janelas de publicidade (pop-up) e o Acelerador UOL, que promete uma conexão mais rápida. "Os serviços visam agregar mais diferencial ao assinante UOL", afirma Victor Ribeiro, diretor de conteúdo e tecnologia do UOL.
Dos três lançamentos, o mais útil é, com certeza, o bloqueador de spam. As mensagens indesejadas representam cerca de 50% das mensagens que passam pelos servidores do UOL, empresa dos grupos Abril e Folha da Manhã. "Trocamos a vacina. Agora, as mensagens são filtradas por listas de autorização e não de bloqueio, que são burladas pelos spamers", afirmou Ribeiro. O executivo afirmou que este serviço é exclusivo no mundo e que o provedor está requerendo a patente da ferramenta.
O mais polêmico é o bloqueador de pop-ups, os anúncios que abrem em janelinhas em cima do navegador. Ao fornecer a ferramenta para bloquear as janelas, o provedor está, na verdade, permitindo que os usuários inibam a veiculação de anúncios comerciais neste formato em seu site. "O que é bom para o usuário, é bom para o UOL", afirma a diretora de conteúdo do portal, Márion Strecker. Mas a medida pode desagradar o mercado publicitário, já que dependendo da conexão o anúncio pode ou não ser visualizado ou entregue ao usuário. "É preciso realmente saber se o pop-up vai ou não contar impressões, porque ele não pode contar a impressão e não entregar ao usuário o anúncio", diz Marcelo SantIago, presidente da Associação de Mídia Interativa. "Realmente, o pop-up é um formato que está aos poucos sendo eliminado em alguns sites estrangeiros, mas é preciso haver coerência. O ideal seria que o UOL tirasse esse formato de seu portfólio", diz ele.
De acordo com Ribeiro, o número de impressões dos banners dentro dos pop-ups realmente pode ser afetado. "Mas o número de cliques nos pop-ups não deve ser alterado", diz ele. "Temos inúmeros outros formatos publicitários para oferecer ao anunciante." Até mesmo o criador da nova campanha publicitária do UOL, Celso Loducca, acredita que a medida pode causar um impacto desfavorável no mercado no início. "Temo pelo começo, mas será bom para o mercado depois, já que é uma mídia que incomoda o usuário", diz Loducca. O sistema do UOL bloqueia também pop-under (janelas que aparecem em baixo dos sites) e outros tipos de mídia que funcionem ou estejam programadas como pop-ups. Os pop-ups dinâmicos, em linguagem DHTML, não são afetados. O bloqueador de anúncios é gratuito e está disponível para qualquer internauta, não apenas para os assinantes do provedor.
O terceiro produto, o Acelerador UOL, é voltado para todos os usuários que tenham conexão discada. Segundo Ribeiro, ele torna a conexão mais rápida em até quatro vezes. Isso quer dizer que, para quem se conecta com um modem de 56kbps, a velocidade pode chegar até a 200kbps. Os assinantes do serviço em banda larga não terão este benefício. As novidades podem ser vistas na Central do Assinante UOL, dentro do site do provedor.
Campanha publicitária
Ao contrário do que pregava no início da disputa pela web brasileira, o UOL adotou um mascote para sua nova campanha. "Precisávamos humanizar os anúncios. Fugimos de cachorros e ETs", afirmou Celso Loducca, coordenador do projeto. Loducca conta que a opção foi pelo chimpanzé, o Zé, já que foi revelado que esse tipo de animal tem 99,4% do DNA igual ao do homem. Os novos produtos do UOL e o novo pacote de acesso (UOL Light, por R$ 14,90) serão divulgados em campanha publicitária feita pela Loducca. A maior ação da campanha será feita por meio de merchandising em programas de TV, como novelas e shows de auditório. Serão sete filmes publicitários, exibidos nos intervalos comerciais dos programas que terão a ação de merchandising. Nem a empresa, nem a agência divulgam o valor investido na ação.
Balanço
Após a divulgação do balanço, o UOL afirmou, por meio de um comunicado, que o mercado publicitário "permanece abalado pela situação econômica na América Latina, não permitindo a retomada de crescimento", mas que manterá a combinação de publicidade com assinaturas para gerar receita. O total de assinantes pagantes cresceu 10,4%. A empresa registrou queda de 37% no faturamento com publicidade e crescimento de 35% na receita de assinaturas. Só neste primeiro trimestre de 2003, a receita com assinaturas aumentou 12% e chegou a R$ 100,5 milhões. A publicidade caiu mais, 4%, chegando a R$ 8,1 milhões.
A receita líquida total foi de R$ 441 milhões em 2002, 22% maior que a de 2001. "O prejuízo líquido de 2002, de 317,3 milhões de reais, foi impactado por 81,8 milhões de reais de amortização de ágio da Zip.Net e por 48 milhões de reais de variação cambial sobre resultado financeiro e leasing", afirmou a empresa em seu relatório.