Zuckerberg x Snapchat: o CEO do Facebook já tentou adquirir o app do "fantasminha" (David Ramos/Getty Images/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2016 às 12h00.
São Paulo – O Instagram virou o Snapchat com uma simples atualização. Agora, o app do Facebook tem recursos muito parecidos com os da competição e permitirá que usuários compartilhem fotos e vídeos que somem depois de 24 horas. Não há como negar que a ferramenta lembra, e muito, o Snapchat Stories – até o nome, Instagram Stories, é similar, para falar o mínimo.
Essa não é a única semelhança entre os aplicativos. Ambos usam mídias essencialmente visuais e tornaram-se populares inicialmente entre os jovens. O Instagram, por exemplo, ganhou força rapidamente e foi adquirido pelo Facebook em 2012 por um bilhão de dólares. Hoje, o app tem mais de 500 milhões de usuários.
O Snapchat tinha tudo para seguir o mesmo destino do Instagram. Ele nasceu em 2011 dentro da Universidade de Stanford, nos EUA, e chamou a atenção dos jovens que não queriam que fotos pouco lisonjeiras fossem vistas mais de uma vez. Mas algo no caminho foi diferente. Os fundadores do app recusaram uma oferta de compra por parte de Mark Zuckerberg.
Desde a recusa de compra, o Snapchat virou, ao que tudo indica, um alvo dentro do Facebook. Foram diversas as tentativas de Mark Zuckerberg para vencer o Snapchat – até agora, todas em vão. Veja abaixo uma linha do tempo com as principais batalhas travadas.
A primeira tentativa do Facebook de competir com o Snapchat foi com o Poke, um app que permitia que usuários enviassem fotos e vídeos que eram deletados em segundos. A principal diferença entre os dois aplicativos é que todo o conteúdo compartilhado do Snapchat é apagado de seus servidores, enquanto o do Poke era armazenado por um tempo. Dois anos após seu lançamento, o Poke foi deletado da App Store. Até hoje, ele é um lembrete para o Facebook de que é preciso muito mais do que alguns engenheiros talentosos para bater o Snapchat.
O Facebook tentou comprar o Snapchat por três bilhões de dólares. Segundo o Wall Street Journal, os fundadores do app (que na época tinha apenas dois anos de existência) não aceitaram a proposta por considera-la baixa, mesmo sendo acima dos dois bilhões de dólares, que era a avaliação do Snapchat na época. Além disso, Evan Spiegel, CEO do app, disse ao jornal que esperava que o rápido crescimento do aplicativo elevasse ainda mais o valor da empresa. As previsões de Spiegel se mostraram corretas e, agora, o Snapchat vale 19 bilhões de dólares.
Cansado de criar novos apps para a batalha, o Facebook passou a usar um dos seus representantes mais fortes, o Instagram (app que havia sido adquirido em 2012). Em dezembro de 2013, ele ganhou a função Direct, que tornava possível enviar fotos exclusivamente para um seguidor ou em grupos fechados. Isso trazia ao Instagram algo valioso do Snapchat: o controle sobre quem vê cada publicação. O recurso, no entanto, abria mão de outra característica crucial do Snapchat: a efemeridade. Se no app do fantasminha o conteúdo some depois, no Instagram Direct não. Isso pode ser ruim para adolescentes que querem enviar fotos comprometedoras.
Menos de um ano depois de sua oferta ser recusada por Spiegel, Mark Zuckerberg lançou uma nova arma para batalhar contra o Snapchat: o Slingshot (estilingue, em inglês). O app permitia que usuários enviassem fotos e vídeos que eram destruídos. Também era possível desenhar em cima das imagens. Ao contrário do serviço de Spiegel, o Slingshot só deixava o usuário ver as imagens enviadas por outras pessoas quando ele também enviava uma foto. O apelo faria com que as pessoas compartilhassem com bastante frequência. Mas, como o Poke, o Slingshot não vingou.
A função Direct ganha uma atualização. A partir dessa data, é possível enviar imagens direto da linha do tempo para um seguidor ou um grupo. O objetivo do Facebook era claro: a empresa precisava aumentar o compartilhamento de conteúdo (preocupação que existe até hoje). Colocar um botão que facilitasse o envio de mensagens, fotos ou vídeos de forma privada parecia uma boa estratégia na época.
Os bilhões que não foram gastos com o Snapchat foram usados pelo Facebook na compra de outros apps. Um deles foi o MSQRD (Masquerade), um app de filtro de imagens e vídeos que permite que usuários distorçam suas selfies com os rostos de celebridades ou de amigos. Se você usa o Snapchat, sabe o que é o Face Swap, um filtro que tem a mesma função do MSQRD. Duas semanas após a aquisição do Facebook, o Snapchat comprou a Bitstrip, a empresa por trás do app Bitmoji, que permite criar um avatar de si mesmo para compartilhar nas redes sociais. O aplicativo tornou-se viral em 2013 graças ao fato de ser um recurso dentro do Facebook.
O Instagram Stories é a mais nova tentativa do Facebook de vencer o Snapchat. O recurso é tão similar ao app que já está sendo chamado pela imprensa de “clone do Snapchat”. Para entender como ele funciona, veja esta matéria. É difícil saber se este é o último momento de uma longa disputa. Também não é fácil pensar em um ataque mais ousado por conta do Facebook -- a não ser oferecer bilhões o suficiente para mudar a cabeça dos fundadores do Snapchat.