Tecnologia

Uber tentou enrolar a Apple e quase foi banida de iPhones

App da Uber coletava dados irregulares de clientes que usassem iPhone. Apple ameaçou banir aplicativo, o que geraria um enorme problema para a Uber

Travis Kalanick: CEO da Uber teve conversa desagradável com Tim Cook (Qilai Shen/Bloomberg)

Travis Kalanick: CEO da Uber teve conversa desagradável com Tim Cook (Qilai Shen/Bloomberg)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 24 de abril de 2017 às 14h59.

Última atualização em 24 de abril de 2017 às 17h16.

São Paulo – Travis Kalanick, CEO e cofundador da Uber, tentou dar uma de espertinho para cima da Apple. A atitude do executivo fez com que Tim Cook, atual CEO da Apple, chamasse Kalanick para uma conversa não muito amigável.

O episódio foi descoberto e relatado pelo jornal americano The New York Times em um perfil de um dos mais polêmicos líderes do Vale do Silício—Kalanick, é claro.

Por meses, o app da Uber vinha coletando dados de iPhones—mesmo aqueles que já não tivessem mais o aplicativo de transporte instalados. Isso é, vale dizer, uma grave violação das regras de privacidade da App Store. E qualquer aplicativo que esteja cadastrado para download por lá deve respeitar as regras.

A Apple já havia descoberto a irregularidade e pedido à Uber que parasse com aquilo. Em vez de respeitar as regras da Apple, a equipe da Uber achou que seria uma boa sacada criar um cerco geográfico virtual. Com isso, quando as funções do app fossem analisadas por engenheiros de dentro da Apple, essa informação não seria vista.

Isso funcionou até que engenheiros em outra localidade perceberam a ideia da Uber. A atitude culminou em um encontro entre Kalanick e o líder da Apple, Tim Cook.

“Então, eu ouvi dizer que vocês estão quebrando algumas de nossas regras”, teria dito Cook a Kalanick em encontro em 2015. Apesar de seu habitual tom cordial, Cook não estava nada satisfeito. O executivo ameaçou banir o app Uber de sua loja.

Nem é preciso dizer quais teriam sido os impactos dessa proibição por parte da Apple, uma vez que milhões de clientes da Uber usam iPhones. Depois disso, Kalanick e a Uber teriam retirado a coleta de dados do app.

O episódio é um entre muitos relatados no perfil de Kalanick. O jornal pinta o executivo como alguém arrojado e que passa por cima do que for preciso para alcançar seus objetivos.

Posicionamento da Uber adicionado às 17h16 do dia 24/04/2017:

Nós absolutamente não rastreamos usuários ou sua localização se eles excluíram o aplicativo. Como a matéria do New York Times cita bem no final, esta é uma maneira comum para evitar fraudadores de baixar o app da Uber em um telefone roubado, cadastrar um cartão de crédito roubado para fazer viagens caras e, em seguida, formatar o telefone e fazer a mesma coisa repetidamente. Técnicas similares são usadas com a finalidade de detectar e bloquear logins suspeitos para proteger as contas dos nossos usuários. A possibilidade de reconhecer os usuários conhecidamente fraudulentos quando eles tentam voltar para a nossa plataforma é uma medida de segurança importante para Uber e para os nossos usuários e motoristas parceiros.

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