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Uber pode estar desistindo de sua tentativa de criar carros voadores

Chamada de Uber Elevate, divisão nasceu para criar um meio de transporte aéreo disponível para o aplicativo. Ideia ainda não decolou

Joby Aviation: empresa que desenvolve aeronaves como esta da foto pode estar comprando a divisão aérea da Uber (Joby Aviation/Divulgação)

Joby Aviation: empresa que desenvolve aeronaves como esta da foto pode estar comprando a divisão aérea da Uber (Joby Aviation/Divulgação)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 08h00.

Em meados de 2018, a Uber realizou um evento em Los Angeles, nos Estados Unidos, para anunciar que estava investindo em um futuro em que o transporte de passageiros por seu aplicativo não fosse limitado às vias terrestres. A ideia era, ao lado de empresas de aviação, criar um modelo de táxi aéreo que pudesse ser prático e econômico para levar pessoas de um ponto ao outro. Quase dois anos depois, o plano não decolou. E parece que nem ao menos vai ter a chance de fazer isso.

De acordo com o Axios, a Uber está vendendo a divisão Elevate para a Joby Aviation. Com mais de 720 milhões de dólares em aportes captados, a startup foi fundada em 2009 e pertence a JoeBen Bevirt. A companhia atua no desenvolvimento de aeronaves elétricas e de uso de pessoal. A Joby era uma das empresas que estava atuando na criação de um veículo voador para a Uber e previa colocar um veículo no ar até 2023.

O plano da Uber de levar o transporte de passageiros para o ar foi descrito ainda em 2016. O evento oficial, dois anos depois, oficializou a tentativa. Nos meses que se passaram, diversos protótipos de carros voadores autônomos e elétricos foram apresentados e viagens de teste foram realizadas. Em uma destas viagens, um trajeto de mais de duas horas de carro pela cidade de São Paulo foi feito em 18 minutos com a aeronave.

A possibilidade de vender sua operação para outra empresa pode causar certa surpresa no mercado. Em outubro, a Embraer lançou uma subsidiária para atuar na criação destes carros voadores. A empresa brasileira é parceria da Uber no projeto Elevate. Chamada de Eve, a startup vai atuar de forma independente e será dirigida por André Stein, que atuava como responsável pela área de estratégia da EmbraerX, braço de inovação da fabricante brasileira de aeronaves.

A Joby Aviation atuou durante anos sem chamar muita atenção. A empresa só foi “descoberta” em 2018, quando captou 100 milhões de dólares em uma rodada de investimento liderada pela Intel Capital. Neste ano, a empresa levantou 590 milhões de dólares em uma injeção de capital liderada pela Toyota e que contou com a participação de grupos de investimento como Baillie Gifford, Capricorn Investment Group, Sparx Group, entre outros.

Mesmo assim, a Joby ainda mantém seus planos em segredo. Ao contrário de outras fabricantes, como a própria Embraer, que já deram mais pistas de suas aeronaves, a startup americana manteve seu projeto escondido. Nas poucas renderizações mostradas pela companhia, era possível observar uma espécie de drone gigante com 12 rotores e espaço na cabine para quatro passageiros. A Joby, porém, já informou que está trabalhando em algo totalmente novo.

Como nada ainda foi divulgado oficialmente, é possível apenas supor os motivos pelas quais a Uber estaria vendendo a divisão. O principal deles está relacionado a dinheiro. Em suas últimas declarações, Dara Khosrowshahi, presidente da Uber, chegou a dar prazos para que a companhia passasse a registrar lucro em seus balanços trimestrais. A previsão mais recente, feita em junho, era de que isso aconteceria em 2021. Fundada em 2009, a Uber nunca terminou um trimestre com números positivos.

Khosrowshahi sabe que precisa dar uma resposta aos investidores, por mais que a companhia tenha informado até mesmo em seu prospecto de abertura de capital que poderia nunca deixar de ser uma empresa deficitária. Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus, a companhia sofreu um duro golpe em suas receitas na divisão de transporte de passageiros. O que salvou o ano foi o serviço de entrega de refeições, Uber Eats, que cresceu em larga escala.

Em números mais recentes, a Uber registrou receita de 3,1 bilhões de dólares no terceiro trimestre deste ano. O valor é 18% menor do que o registrado no mesmo trimestre de 2019. Em relação às viagens, o faturamento de 5,9 bilhões de dólares é 53% menor do que o obtido no ano passado. No delivery, alta de 134% no período de três meses, com faturamento e 8,5 bilhões de dólares.

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