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Twitter de Trump perderá proteção a perfis de autoridades em janeiro

Com isso, algumas de suas publicações perderão a prerrogativa de não serem excluídas por serem interesse público.

Covfefe: Twitter de Trump foi um retrato de sua gestão e espécie de diário público do presidente (Drew Angerer/Getty Images)

Covfefe: Twitter de Trump foi um retrato de sua gestão e espécie de diário público do presidente (Drew Angerer/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 07h00.

Muitos presidentes nos Estados Unidos tinham o hábito de manter um diário. O de Donald Trump, com os registros de seus pensamentos e tiradas, sempre foi público e digital: é sua conta pessoal no Twitter. O microblog de Trump serviu para anunciar movimentos políticos, ameaçar e achincalhar seus adversários — Hillary Clinton, Bernie Sanders, Jeb Bush, dentre outros que receberam apelidos, que o digam —, e, mais recentemente, questionar a eficácia dos votos por correio e o resultado das eleições americanas.

Durante os últimos 4 anos, no entanto, a conta de Trump no Twitter era uma conta de pessoa pública, o chefe de Estado americano. A rede social afirma que pessoas públicas também estão submetidos às regras do Twitter, mas contam com prerrogativas da plataforma em determinadas casos. Por exemplo, o Twitter afirma que “se um Tweet de um líder mundial violar as Regras do Twitter mas houver um claro interesse público em mantê-lo na plataforma, nós o colocaremos atrás de um aviso que trará contexto sobre a violação e permitirá que as pessoas cliquem e vejam o conteúdo se assim desejarem”. Isso garante que esses mandatários possam ser cobrados publicamente pelas opiniões que manifestem na plataforma.

Diante desse cenário, a conta de Trump no Twitter voltará a ser uma conta “civil” em 20 de janeiro, quando ele entregar o posto ao presidente-eleito Joe Biden. O Twitter confirmou a EXAME que, quando isso acontecer, o perfil do presidente americano, que já acumula quase 90 milhões de seguidores, voltará a ser como de um “cidadão comum”. 

"Nossa abordagem a líderes mundiais, candidatos e autoridades é baseada no princípio de que as pessoas devem ser capazes de optar por ver o que seus líderes dizem, com um contexto claro. Isso significa que podemos colocar avisos e limitar o engajamento de certos Tweets. Essa abordagem se aplica a líderes mundiais em exercício e candidatos, e não a cidadãos comuns que já não ocupam mais estes cargos”, disse a rede social em posicionamento enviado à reportagem.

Com isso, a conta de Trump estará totalmente sobre as regras da redes sociais e algumas de suas publicações poderão ser excluídas, no futuro, caso ele volte a violar as regras da rede. Em maio deste ano, um dos tweets do presidente teve alcance reduzido pela mídia social e foi marcado como “promoção da violência”. Na ocasião, Trump falava dos protestos após a morte de George Floyd nos EUA e usou a expressão “quando os saques começam, os tiros começam”, uma alusão de que haveria represálias da polícia para saqueadores nas ruas.

Desde a última terça-feira, a noite da eleição, a conta de Trump tem sido cada vez mais marcada pelo Twitter por afirmações sem verificação ou por falsas afirmações de vitória na eleição americana. O trabalho da rede social foi direto e rápido, tendo sido reconhecido por repórteres e especialistas. A empresa veio preparada: já havia anunciado de antemão uma série de contingências que teria para evitar a divulgação de informações falsas na noite da eleição.

Uma análise do jornal americano The New York Times apontou que entre terça e sexta-feira, 15 das 44 publicações do presidente receberam algum tipo de marcação da rede social. Antes do pleito, apenas alguns tweets haviam sido marcados antes, como os feitos durante a onda de protestos ou alguns contendo deisnformação sobre votos por correio.

Trump chegou a dizer que o Twitter estava "fora de controle" e ameaçou remover a Seção 230 da Lei de Decência em Telecomunicações que impede que plataformas sejam processadas por conteúdo compartilhado por usuários — a legislação da década de 1990 voltou à pauta recentemente com a discussão sobre moderação de conteúdo online.

Em 4 anos, a conta de Trump serviu para deixar expresso o que pensava e o que se passava em seu gabinete. As mensagens do presidente chegaram até a ser analisadas para inferir seus hábitos, horários e preferências. O Twitter do presidente americano, apesar de coberto de controvérsias, é um retrato público de sua gestão.

 

 

 

 

 

 

 

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