Jogo da NBA: liga de basquete dos EUA tem novo logo (NBA/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2016 às 12h42.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h43.
Durante o discurso de Donald Trump, na noite desta quinta-feira, o Twitter, a rede social dos textos curtinhos, voltou a ser protagonista. Enquanto o empresário discursava, jornalistas, analistas, cientistas políticos e eleitores em geral inundaram a rede com comentários, gráficos, análises, gifs. Os posts com #DonaldTrump foram vistos cerca de 16 milhões de vezes em um par de horas.
Não é de hoje que o Twitter se tornou a rede social preferida para comentar eventos ao vivo. Pode ser um discurso populista, um jogo de futebol, o novo episódio de uma série, um reality show de culinária. O fato é que nenhum outro veículo funciona tão bem no papel de segunda tela. E o Twitter está investindo para ficar ainda mais relevante em grandes acontecimentos.
A rede social anunciou nesta semana uma parceria de 10 milhões de dólares com a NBA, a liga de basquete americana. Por meio do acordo, a National Basketball Association se compromete a publicar dois programas semanais exclusivamente no Twitter, além de bastidores e replays em seus aplicativos de vídeo Vine e Periscope. Mesmo sem parceria, na final da última temporada da NBA, entre o Cleveland Cavaliers (@cavs) e Golden State Warriors (@warriors), a rede recebeu uma avalanche de 24,2 milhões de posts em pouco mais de duas horas.
A parceria é a sofisticação de um modelo de negócio que foi se construindo naturalmente. Desde seu nascimento em 2006 – quando ainda se chamava “twttr”, que significa gorjear em inglês –, a rede social foi protagonista de momentos históricos. A cobertura em tempo real feita pelos insurgentes na Primavera Árabe, em 2011, levou à queda do ditador egípcio Hosni Mubarak e do tunisiano Zine el-Abdine Ben Ali.
Também foi o Twitter a rede social escolhida para mostrar ao mundo a selfie mais famosa da história, em que a apresentadora Ellen DeGeneres reuniu algumas estrelas diante da lente de seu celular na edição de 2014 do Oscar. A foto teve mais de 2 milhões de curtidas e 3 milhões de retweets – nome dado ao “compartilhamento” do Twitter. Que Instagram, que nada.
O casamento entre o Twitter e os eventos ao vivo é resultado de sua estrutura simples: com limite de 140 caracteres – que nasceu baseada no tamanho de um SMS de celular –, os tweets são feitos para serem imediatistas. O próprio modelo da rede proporciona isso, pois ao contrário do que acontece no Facebook, não há um algoritmo que seleciona o conteúdo a ser exibido no feed do usuário, e tudo o que for publicado será carregado imediatamente na tela.
Outros caminhos
Em eventos como esses, como se vê, o Twitter continua imbatível. O problema, para a companhia, é ir além disso. Seus 310 milhões de usuários mensalmente ativos são uma fração dos 2,4 bilhões de internautas no planeta. O Facebook teve média de 1,65 bilhão de usuários mensalmente ativos no primeiro trimestre, e o Instagram, 500 milhões em junho.
Na bolsa desde 2014, a empresa viu seu valor de mercado cair pela metade entre 2015 e 2016, para cerca de 11 bilhões de dólares. No primeiro trimestre, a empresa faturou 595 milhões, um crescimento de 36% em relação ao trimestre anterior. A publicidade responde por uma fatia de 531 milhões – com posts patrocinados ou compra de um lugar ao sol nos trending topics, os assuntos mais comentados da rede. O Facebook, só no primeiro trimestre, faturou 5,2 bilhões de dólares com anúncios, 57% a mais que no ano passado.
E ao contrário do que acontece em outras redes sociais, o crescimento da base de twitteiros é quase nulo: nos últimos doze meses, foram 8 milhões. O Snapchat, nova sensação entre as redes sociais, abocanhou 40 milhões de novos usuários entre dezembro de 2015 e junho deste ano, e agora tem por volta de 150 milhões usuários por dia, ante 140 milhões de acessos diários do Twitter.
Dias de glória
Com números muito aquém do previsto, a rede social vem tentado de tudo. O fundador, Jack Dorsey, voltou à presidência em 2011. Sobram boatos de que a empresa será vendida, ou que, para turbinar a receita, passará a usar algum algoritmo similar ao do Facebook.
Este ano, o Twitter inseriu ferramentas para gifs e enquetes, e anunciou em maio que os links deixariam de entrar na conta de caracteres disponíveis para cada post. Tudo isso buscando conquistar os jovens da geração 2000. Para Alessandro Visconde, presidente da consultoria iFruit, o Twitter mantém sua relevância, mas está longe de ser o preferido da garotada. “O que aconteceu no Twitter foi um amadurecimento da base: quem entrou em 2009 hoje já está mais velho, enquanto os mais jovens preferem a interação em vídeo do Snapchat”, diz. “É muito difícil ver um adolescente de 14 anos criando uma conta no Twitter. É exceção, não a regra”.
Nesse sentido, as compras do Vine, em 2012, e do Periscope, em 2015, foram formas de tornar o conteúdo mais multimídia. Mas a integração entre os aplicativos e o Twitter nunca emplacou de fato.
No geral, todas as pequenas mudanças dos últimos anos buscam posicionar a rede na era dos vídeos e das fotos para atrair uma geração que já não se contenta com os 140 caracteres. Infelizmente, para o Twitter, nem todo dia surge uma Primavera Árabe ou o discurso de um empresário raivoso tentando chegar à cadeira mais importante do planeta.