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Trump não quer Apple na Índia e pede a Tim Cook que iPhone seja feito somente nos EUA

Exigência de Trump confronta estratégia da Apple de diversificar produção fora da China; Índia já concentra até 14% da fabricação global dos aparelhos

Donald Trump (SAUL LOEB /AFP)

Donald Trump (SAUL LOEB /AFP)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 15 de maio de 2025 às 14h44.

O presidente Donald Trump pediu ao CEO da Apple, Tim Cook, que a empresa passe a fabricar 100% dos iPhones em território norte-americano, encerrando suas operações na Índia. A declaração ocorreu nos bastidores de uma reunião privada em Mar-a-Lago, na Flórida, segundo pessoas próximas à campanha republicana.

Trump tem feito da reindustrialização dos EUA uma de suas principais bandeiras. O presidente vê com preocupação a crescente dependência de países como Índia e Vietnã na cadeia de suprimentos da Apple, especialmente após a pandemia e a intensificação da disputa tecnológica com a China.

Atualmente, cerca de 14% dos iPhones do mundo já são montados na Índia, segundo estimativas da Bloomberg, com planos de expansão da Foxconn e outras fornecedoras da Apple. A estratégia é parte do movimento da empresa para reduzir sua dependência da China, que ainda responde por mais de 60% da produção global da companhia.

A Índia, sob o governo de Narendra Modi, tem oferecido incentivos bilionários para atrair gigantes de tecnologia — movimento que já resultou na geração de milhares de empregos e em acordos com empresas como Samsung, Dell e, mais recentemente, Google.

O pedido de Trump representa um choque direto com essa tendência e também pressiona a Apple a rever sua política industrial, considerada vital para manter margens de lucro e competitividade frente à concorrência asiática.

Conflito com estratégia da Apple

Tim Cook tem defendido publicamente a necessidade de diversificação geográfica da cadeia de suprimentos da Apple. Em abril, o executivo visitou a Índia e anunciou a abertura de novas lojas e centros de distribuição no país, reforçando os laços com o governo local.

Cook também afirmou que a resiliência logística da Apple depende de sua capacidade de operar em múltiplos polos industriais — o que inclui, além da Índia, fábricas no Vietnã, na Malásia no México e Brasil.

Para Trump, no entanto, a prioridade é a criação de empregos industriais nos Estados Unidos. Segundo aliados do presidente, a campanha estuda propostas de incentivos fiscais para atrair a montagem de eletrônicos de volta ao país. Uma das ideias em análise seria a isenção de impostos federais para fábricas que montem dispositivos exclusivamente em solo americano.

Impacto econômico e resistência interna

Segundo analistas do setor, a proposta de Trump esbarra em limitações técnicas e econômicas.

Fabricar um iPhone nos EUA pode elevar os custos em até 45%, de acordo com levantamento do MIT, o que tornaria o produto menos competitivo globalmente.

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