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Tribo aposta no Google para combater desmatamento na Amazônia

O aplicativo está disponível no site do Google Earth, embora ainda não esteja integrado à plataforma

Mapa do desmatamento na Amazônia, visto pelo Google Earth Engine (Reprodução/Google Earth)

Mapa do desmatamento na Amazônia, visto pelo Google Earth Engine (Reprodução/Google Earth)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2012 às 18h05.

São Paulo - A tribo suruí, que vive no coração da Amazônia brasileira, passou a contar com a tecnologia para enfrentar o desmatamento que a ameaça ao se associar com a gigante de buscas na internet, Google, que criou um aplicativo que retrata suas tradições e registra qualquer alteração na floresta.

O "mapa cultural" dos suruís foi lançado este sábado no Rio de Janeiro, durante um fórum empresarial realizado na conferência Rio+20, das Nações Unidas.

Representantes da empresa americana e membros do povo suruí apresentaram este projeto inédito, segundo informaram.

"Isto é único, representou uma fase totalmente nova para o Google. É o maior projeto que desenvolvemos com uma população indígena", explicou, durante entrevista coletiva, Rebeca Moore, engenheira do Google Earth e líder do projeto.

"É uma grande emoção que depois de cinco anos possamos mostrar nossa cultura ao mundo", comemorou o cacique Almir, líder dos suruís, vestindo calça, camisa e blazer, com um cocar de plumas coloridas.

Na animação do planeta Terra que o Google Earth apresenta se vê um pequeno ponto no território brasileiro: é a tribo suruí, com extensão de 240.000 hectares no estado amazônico de Rondônia (noroeste). No total, tem 1.300 pessoas distribuídas em 320 famílias.

À medida que o usuário se aproxima do território suruí no mapa aparecem várias imagens de animais, ocas, plantas e indígenas. Ao clicar em alguns destes ícones, o sistema mostra jovens indígenas narrando os hábitos da comunidade, acompanhados de animações criadas pelo Google.

O território suruí está cercado de uma área bastante desmatada e, segundo o cacique Amir, suas terras são ameaçadas por madeireiros ilegais. Por isso, em 2007 viajou para a Califórnia e visitou os escritórios do Google "para propor uma associação" que permitisse criar o aplicativo e registrasse a realidade da região.


"Na época, não sabíamos muito do Google, mas eu passei em frente aos escritórios e estava decidido a entrar e propor esta sociedade porque eles conhecem a tecnologia e nós, a Amazônia", contou Amir.

Agora, o "mapa cultural" dos suruís "é uma ferramenta de trabalho que estamos usando para fazer denúncias. Temos uma equipe de vigilância", formado por jovens com celulares inteligentes que registram até a espessura de uma árvore e tiram fotos do local, informou o cacique.

"Com isso, vamos poder pressionar o governo para que fiscalize o desmatamento na região", comentou à AFP Walelasoepilemán, jovem indígena de 15 anos que participa do projeto e veste traje tradicional, com os braços adornados com pequenas pintas pretas pintadas.

Em 2011, o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento na floresta amazônica em seu nível mais baixo, a 6.418 Km2, e a três meses de fechar o balanço anual para 2012 diminuiu em 25% este número, segundo dados oficiais.

O aplicativo está disponível no site do Google Earth, embora ainda não esteja integrado à plataforma. Também é possível consultá-lo no site dos suruís (http://www.paiter.org).

Neste sábado, o Google lançou, ainda, o documentário "Trocando o arco e a flecha por computadores portáteis", que narra os cinco anos de desenvolvimento do projeto. Engenheiros do Google viajaram três vezes ao Brasil para treinar os indígenas com ferramentas para smartphones, desenhadas especialmente para o projeto.

O vídeo, exibido para jornalistas, mostra os jovens medindo troncos e tirando fotos de índios idosos e de danças tradicionais, bem como de outros costumes.

"Isto é bom para nós porque estamos levando nossa cultura para os povos de fora, para que nossa cultura não morra", disse Walelasoepilemán.

Segundo Moore, a empresa espera repetir a experiência em outras duas tribos vizinhas à dos suruís, bem como em outras populações aborígenes de Canadá e Nova Zelândia.

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