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Tratamento reduz risco de transmissão do HIV

Estudo feito nos Estados Unidos mostrou que remédios diminuem em até 96% a chance de transmitir a doença

"Esta é uma excelente notícia" resumiu a autora do estudo (stock.XCHNG)

"Esta é uma excelente notícia" resumiu a autora do estudo (stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2011 às 16h59.

Washington - O risco de transmissão de HIV é consideravelmente reduzido se uma pessoa infectada com o vírus se submeter logo em seguida a um tratamento médico com antirretrovirais, segundo um informe divulgado nesta quinta-feira.

Ao iniciar um tratamento com medicamentos imediatamente, ao invés de esperar o avanço da doença, o estudo mostrou uma queda de 96% na transmissão do HIV por uma pessoa infectada para uma que não tenha a doença.

A triagem clínica aleatória que começou em 2005, incluiu 1.763 casais - 97% heterossexuais - e foi realizada em 13 países de África, Ásia e Américas, incluindo o Brasil.

"Esta é uma excelente notícia", afirmou Myron Cohen, principal responsável pelo estudo e diretor do Instituto de Saúde Global e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill.

"O estudo foi desenvolvido para avaliar o benefício tanto para o portador do vírus como para o parceiro sexual", diz Cohen.

"Este é o primeiro teste clínico aleatório que comprova que o indivíduo portador do HIV, iniciando cedo a terapia antirretroviral, pode reduzir a transmissão sexual do vírus para pessoas não portadoras", ressaltou Cohen.

A etapa aleatória foi interrompida cedo quando os pesquisadores notaram que o tratamento estava registrando um efeito bloqueador significativo no risco de transmissão da doença, que aflige 33 milhões de pessoas em todo o mundo.

Durante os exames clínicos aleatórios, alguns casais foram colocados em um grupo atrasado no qual o parceiro infectado começou a receber o tratamento com antirretrovirais (TAR) apenas quando um tipo de célula T conhecido como CD4 caiu para menos de 250 células por milímetro cúbico ou quando ele ou ela desenvolveu uma doença relacionada à Aids.

O outro grupo começou a receber o TAR imediatamente. Nesse grupo, apenas um caso de transmissão de HIV foi registrado.

Houve 27 transmissões de HIV no grupo atrasado que puderam ser diretamente atribuídas ao parceiro infectado, uma diferença que o estudo considerou "de alto significado estatístico."


O diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas, Anthony Fauci, comemorou a descoberta.

"Os dados anteriores sobre o valor potencial dos antirretrovirais para tornar indivíduos portadores do HIV menos contagiosos para seus parceiros sexuais eram amplamente provenientes de estudos observacionais e epidemiológicos," disse Fauci.

"Esta nova descoberta prova de maneira convincente que tratar o indivíduo infectado -- e fazê-lo o quanto antes possível -- pode ter um impacto maior na redução da transmissão do HIV."

De acordo com Wafaa el-Sadr, membro do comitê executivo da Rede de Testes de Prevenção do HIV (HPTN, em inglês), grupo que realizou o estudo, as descobertas levaram tempo para ocorrer, mas devem ter um grande impacto nos manuais de tratamento.

"Acho que o estudo HPTN 052 sempre será reconhecido como um marco que realmente pode transformar tanto os tratamentos como a prevenção do HIV globalmente," disse a cientista à AFP.

Sadr, que também é professora de Medicina e Epidemiologia da Universidade de Columbia, em Nova York, afirmou que os casais no estudo podem continuar a ser acompanhados.

"Todos aqueles que não receberam tratamento imediato estão agora recebendo tratamento imediato, agora que as conclusões foram tiradas," explicou.

O estudo foi inicialmente formulado para ser mantido até 2015, mas o conselho independente de segurança e monitoramento interrompeu a fase aleatória cedo "graças aos benefícios muito claros e notáveis que foram apresentados," indicou.

"Eles determinaram que estas descobertas foram tão importantes que tinham de ser compartilhadas imediatamente," disse.

O diretor executivo do Programa das Nações Unidas para HIV/AIDS (UNAIDS), Michel Sidibe, descreveu o estudo como "uma grande mudança no jogo" que "levará a uma revolução na prevenção no futuro."

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