Injeções de células foram usadas pela primeira vez para tratar um grave problema no fígado do bebê (Georges Gobet/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2011 às 17h24.
Londres - Médicos britânicos anunciaram ter conseguido a cura de um bebê que sofria de uma grave doença hepática que punha sua vida em risco, graças a um tratamento pioneiro, no qual células foram injetadas no abdômen da criança.
A equipe de médicos de Hospital King's College, de Londres, trataram o menino Iyaad Syed, de oito meses, injetando nele um conjunto de células, que atuou como um fígado temporário, enquanto o órgão do menino se recuperava de um danos provocadas por um vírus, noticiou a BBC esta terça-feira.
"Esta é a primeira vez que este tratamento é usado em uma criança com falência hepática aguda", declarou o professor Anil Dhawan, especialista em fígado do hospital.
"Há apenas alguns meses eu vi esta criança pela primeira vez, tão doente que precisava do suporte de diálise e de um respirador" para sobreviver, acrescentou.
"Pensamos ter dado a ele uma nova chance de vida e vê-lo agora, seis meses depois, com a função hepática quase normal, é notável", emendou.
Em circunstâncias normais, Syed seria posto em uma fila de transplantes quando seu fígado começasse a falhar, mas a expectativa agora é que mais casos possam ser curados com a nova técnica ao invés de dependerem das escassas doações de órgãos.
Na nova técnica, os médicos injetaram células hepáticas, que passaram a processar as toxinas e produzir proteínas, atuando como um fígado temporário, enquanto o órgão do menino começou a se recuperar, duas semanas depois.
As células foram quimicamente tratadas para evitar que fossem destruídas pelo sistema imunológico do menino.
O pai de Iyaad, Jahangeer, referiu-se ao filho como um "menino milagroso". Ele "é brilhante e estamos muito orgulhosos dele", completou.
O desenvolvimento desta terapia agora depende de um extenso teste clínico.
"O princípio desta nova técnica certamente é inovador e saudaremos os resultados de testes clínicos futuros para ver se este pode se tornar um tratamento padrão tanto para adultos quando para crianças", disse à BBC Andrew Langford, chefe executivo do British Liver Trust, uma organização britânica que atua no apoio a doentes hepáticos.
"Infelizmente, alcançamos um ponto de ruptura na nossa lista de transplantes no Reino Unido, onde aproximadamente 100 pessoas morrem ao ano aguardando a disponibilidade do fígado de um doador", emendou.