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Teste nos EUA aponta que vacina do Butantã é eficaz

A terceira e última fase dos ensaios clínicos da vacina contra a dengue começou em fevereiro e está sendo feita no Brasil pelo instituto


	Dengue: a terceira e última fase dos ensaios clínicos da vacina começou em fevereiro
 (Marvin Recinos / AFP)

Dengue: a terceira e última fase dos ensaios clínicos da vacina começou em fevereiro (Marvin Recinos / AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2016 às 10h05.

São Paulo - Um teste feito pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) revelou que a vacina contra a dengue desenvolvida em parceria com o Instituto Butantã oferece proteção completa contra o vírus. 

A terceira e última fase dos ensaios clínicos da vacina começou em fevereiro e está sendo feita no Brasil pelo instituto. Os testes incluem a imunização de 17 mil voluntários humanos, que serão acompanhados ao longo de alguns anos.

Em artigo científico publicado ontem na revista Science Translational Medicine, no entanto, os pesquisadores americanos apresentam os resultados de um teste clínico mais rápido e radical, ainda que realizado em pequena escala.

Nesse modelo de testes, conhecido como "desafio em humanos", os voluntários são imunizados e depois recebem uma forma amenizada do vírus para avaliar a eficácia da vacina.

O estudo, feito por pesquisadores do NIH e da Universidade Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, teve a participação de 41 voluntários que nunca tiveram dengue. A vacina foi aplicada em 21 voluntários e outros 20 receberam placebo. Seis meses depois, todos eles foram infectados com uma variante atenuada do sorotipo 2 do vírus - aquele cuja prevenção por vacinas é considerada a mais difícil entre os quatro sorotipos.

Os voluntários que receberam placebo tiveram sintomas moderados da doença. Entre os que receberam a vacina, 100% ficaram completamente protegidos da infecção e não apresentaram qualquer sintoma.

Segundo o diretor do Butantã, Jorge Kalil, o teste é bem-vindo e corrobora os resultados obtidos na fase 2 dos testes clínicos, feita pelo instituto.

"É um estudo interessante e importante porque dificilmente as autoridades sanitárias brasileiras permitiriam que fizéssemos um teste do tipo desafio, usando o vírus vivo", disse Kalil ao Estado.

"O teste de desafio em humanos mostrou que todo mundo ficou protegido. Já conhecíamos esses resultados e eles nos deixaram muito animados."

De acordo com Stephen Whitehead, do Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas do NIH e um dos autores do artigo, os dados obtidos no novo estudo já haviam sido considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando o órgão aprovou a realização da terceira fase dos testes clínicos.

"Esses resultados subsidiaram a recente decisão das autoridades brasileiras para que o Instituto Butantã levasse adiante a terceira fase dos testes clínicos", disse Whitehead.

Zika

A autora principal do estudo, Anna Durbin, da Universidade Johns Hopkins, afirma que o vírus amenizado, produzido pelos americanos, é capaz de infectar uma alta porcentagem dos voluntários sem causar sintomas mais graves da doença. Em geral, os pacientes apresentam apenas manchas na pele, mas não chegam a ter febre.

"Ficamos agradavelmente surpresos ao verificar que essa vacina fornece proteção completa às pessoas imunizadas", disse Anna.

Segundo ela, com o sucesso do experimento, o grupo espera desenvolver o modelo de desafio em humanos para outros vírus, incluindo o zika.

"Acreditamos que um teste-desafio em humanos pode ser desenvolvido para zika. Ele seria uma ferramenta para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra essa doença."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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