O novo protocolo IPv6 passou no teste (Ante Vekic/Stock;Xchng)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2011 às 18h27.
Montevidéu - Uma experiência mundial para testar, durante 24 horas, o novo protocolo de internet, transcorria sem problemas nesta quarta-feira, o que faz prever uma aceleração para a troca ao novo sistema, segundo a primeira avaliação do Registro de Endereços de Internet para a América Latina e o Caribe (Lacnic).
"Nunca, em nenhuma tecnologia, houve um teste de laboratório do qual participaram centenas de milhões de pessoas. Isto é algo inédito, sem precedentes", comemorou Raúl Echeberría, diretor-adjunto do Lacnic, cuja sede regional fica em Montevidéu e de onde é feito o monitoramento permanente do impacto do teste com os usuários da região.
O chamado "World IPv6 Day" - coordenado por The Internet Society (ISOC) - implica em testar amplamente e durante 24 horas o funcionamento do novo protocolo de internet, o Internet Protocol versão 6 (IPv6), com o qual se pretende substituir o mais usado atualmente, o IPv4, cujas mais de 4 bilhões de combinações possíveis para endereços se esgotaram.
Um endereço IP é um número assignado a cada aparelho conectado à internet, permitindo identificar o destino do tráfego na rede em todo o mundo.
Mais de mil organizações - entre elas gigantes como Google, Facebook e Yahoo! - participam da experiência.
Da região, se destacam a Universidade Autônoma do México (Unam), a Universidade de Guadalajara, Terra Brasil, Universidade APEC e Subsecretaria de Telecomunicações do Chile.
"Provavelmente hoje (quarta-feira) 80% do conteúdo na internet está disponível, em nível mundial, por IPv6", avaliou Echeberría, explicando que de todas as formas, o tráfego através deste sistema continua sendo baixo porque depende de que os usuários também tenham IPv6.
"Hoje, o tráfego provavelmente não chega a 1%, apesar da forte campanha", calculou Christian O'Flaherty, encarregado de desenvolvimento regional da Internet Society.
"De qualquer forma, o aumento tem sido importante, avaliamos que o tráfego mais que dobrou", de 0,1%, habitualmente, a 0,2% nesta quarta-feira, disse à AFP.
"Achamos que hoje não há tantos usuários afetados. O bom é que amanhã, possivelmente, os portais voltarão a ter seus sites em IPv4, vão analisar a informação e verão que o impacto não é tanto quanto pensavam. O objetivo do teste é que, em algum momento, nos próximos meses ou semanas, todos estes portais tenham IPv6 como sua página principal e se sintam mais seguros. Aí vamos sair dessa barreira de 0,1% de tráfego IPv6", explicou.
"Na América Latina é menor que ao nível global, mas o lado bom é que temos na região muito mais consciência, temos conseguido levar o tema a provedores e clientes", destacou.
Segundo previsões do Lacnic, na região ainda há endereços IPv4 para satisfazer suas necessidades até o primeiro trimestre de 2014, "mas isto é algo que pode mudar dramaticamente nos próximos anos com o crescimento acentuado da internet móvel e a adoção de novos dispositivos", explicou Echeberría.
"Pelo menos na América Latina estou certo de que a partir da semana que vem continuaremos vendo um aumento na quantidade de endereços IPv6 que atribuímos a operadores da região, em um caminho irreversível de adoção do IPv6", afirmou.
"Acho que é um dia histórico para a internet. Assim como nos anos 1980 a rede parou para implantar uma nova versão do IP, a partir de agora podemos dizer que começamos a usar seriamente o IPv6", concluiu O'Flaherty.