Tesla: em março, preço das ações caíram 20% em meio a sinais de que seus carros elétricos estavam perdendo destaque no mercado (Aly Song/File Photo/Reuters)
Laura Pancini
Publicado em 28 de maio de 2021 às 10h14.
Última atualização em 28 de maio de 2021 às 11h32.
Após mais de 27 acidentes com o piloto automático da Tesla nos Estados Unidos, os carros da empresa de Elon Musk agora vão monitorar os motoristas com o autopilot ligado por meio de câmeras internas.
Em uma mensagem enviada aos donos dos Modelos 3 e Y, a companhia afirmou que as câmeras já presentes no espelho retrovisor serão ativadas para garantir que o motorista esteja prestando atenção na estrada.
Antes, os carros dependiam de sensores no volante para detectar se quem dirigia estava alerta, mas muitos usavam truques para enganar os sensores e ficar com as mãos livres.
"A câmera da cabine acima do espelho retrovisor agora pode detectar e alertar a falta de atenção do motorista enquanto o piloto automático está ativado. Os dados da câmera não saem do carro, o que significa que o sistema não pode salvar ou transmitir informações a menos que o compartilhamento de dados disponíveis ativado ", disse a empresa em comunicado compartilhado por um proprietário da Tesla via Twitter.
Anteriormente, Musk rejeitou o uso de câmeras e sensores infravermelhos para rastrear os olhos dos motoristas, dizendo que as funções eram ineficazes.
A tecnologia "Full Self-Driving" (FSD), versão mais avançada do piloto automático, custa um adicional de 10.000 dólares.
Com radar e câmeras para detectar marcações de faixa, veículos e objetos, o sistema computadorizado pode dirigir, frear e acelerar automaticamente com pouca intervenção do motorista. Além disso, oferece auto-estacionamento e a capacidade de entrar em rampas e saídas de rodovias.
Apesar da empresa de Musk afirmar que o uso da ferramenta é apenas para rodovias divididas, vídeos nas redes sociais mostram motoristas usando ela em vários tipos diferentes de estradas.
A Tesla vem enfrentando questionamentos sobre a tecnologia automática desde um acidente que ocorreu na Flórida em 2016. Em março de 2021, o preço das ações da companhia caíram 20% em meio a sinais de que seus carros elétricos estavam perdendo destaque no mercado em comparação com outras montadoras tradicionais, como a Ford e a Volskwagen.
Em março, a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário dos Estados Unidos (NHTSA, na sigla em inglês) confirmou estar investigando 27 acidentes, sendo ao menos 3 acidentes fatais, que podem ter sido causados por uma falha na ferramenta de piloto automático dos carros.
Em 2016, na Flórida, o piloto automático da Tesla não conseguiu reconhecer um carro branco contra o céu claro e não freou, causando um acidente fatal. O motorista também conseguiu usar a ferramenta fora das estradas recomendadas e dirigiu a 119 quilômetros por hora, ignorando avisos do carro de manter as mãos no volante.
Três anos depois, também na Flórida, outro incidente fatal ocorreu em circunstâncias parecidas. O carro bateu contra um trailer quando o piloto automático foi acionado e os investigadores conseguiram concluir que as mãos do motorista não estavam no volante antes do impacto.
Em fevereiro, na cidade de Detroit, um carro Tesla passou por baixo de um reboquete de trator que cruzava a estrada e arrancou o teto do próprio carro. Não é claro se o piloto automático estava ligado, mas o motorista e o passageiro ficaram gravemente feridos.
A NHTSA também investiga outro acidente que ocorreu no final de fevereiro em Houston, que também não há confirmação de que o piloto automático estava ligado. O Tesla colidiu com um veículo policial parado em uma rodovia.
Por último, um Tesla Model Y em março também atingiu a traseira de um carro policial na cidade de Lansing, em Michigan. O motorista sobreviveu e a polícia afirma que o piloto automático estava ligado.