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Superbactéria pode dar início ao fim dos antibióticos

A cepa desta bactéria contém um dos genes que confere resistência à colistina, o antibiótico usado como último recurso nos casos das bactérias mais fortes


	Bactéria: a cepa desta bactéria contém um dos genes que confere resistência à colistina, o antibiótico usado como último recurso nos casos das bactérias mais fortes
 (Thinkstock)

Bactéria: a cepa desta bactéria contém um dos genes que confere resistência à colistina, o antibiótico usado como último recurso nos casos das bactérias mais fortes (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2016 às 16h04.

Washington - Os Estados Unidos detectaram o primeiro caso de superbactéria resistente aos antibióticos de última geração em seu território, uma temida cepa da Escherichia coli que foi descoberta na China em novembro do ano passado e que, segundo os especialistas, pode anunciar o fim desses remédios.

"Basicamente (esta descoberta) nos mostra que o final do caminho não está muito longe para os antibióticos, que talvez estejamos em uma situação onde teremos pacientes nas unidades de emergência ou pacientes com infecções urinárias para os quais não temos antibióticos", disse o diretor dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Tom Frieden, em entrevista publicada hoje por "The Washington Post".

Pesquisadores do Departamento de Defesa detectaram no mês passado a bactéria na urina de uma mulher de 49 anos da Pensilvânia vinculada ao órgão e que não tinha saído do país nos últimos cinco meses, segundo explicaram autoridades de saúde dos EUA em várias entrevistas.

A cepa desta bactéria contém um dos genes que confere resistência à colistina, o antibiótico que as autoridades de saúde usam como último recurso nos casos das bactérias mais difíceis de combater.

"A descoberta anuncia a emergência de uma bactéria verdadeiramente resistente a todos os remédios", escreveram os pesquisadores da Defesa em um estudo sobre o fato, publicado nesta quinta-feira na revista especializada "Antimicrobial Agents and Chemotherapy".

A existência do "gene mcr-1", a razão pela qual esta bactéria é temível, foi encontrada pela primeira vez em novembro passado, quando um estudo de cientistas britânicos e chineses revelou sua detecção em um pequeno grupo de pessoas, carne e animais na China.

"Visto que as bactérias podem propagar estes genes entre elas, se ativa uma situação na qual podemos ver bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos. E isso, certamente, é uma perspectiva aterrorizante para todos nós", disse a diretora de doenças infecciosas emergentes Beth Bell, do CDC.

Por exemplo, se a enterobactéria resistente aos carbapenemes (ERC), considerada uma "bactéria pesadelo" pelos cientistas, adquirisse resistência à colistina, seria impossível de combater.

Essa bactéria mata cerca de 600 pessoas por ano nos EUA e em 2015 foi detectada em 44 instalações médicas do país.

"Como as bactérias se reproduzem rapidamente, às vezes há mutações que permitem que certa cepa supere os antibióticos e adquira resistência a eles", explicou Bell.

"Isto, certamente, ressalta a importância de usar antibióticos só no momento correto e com a dose correta, porque o sobreuso, certamente, pode fazer com que as bactérias desenvolvam esse tipo de mecanismo de resistência", acrescentou a especialista.

Segundo Friedman, "estamos em risco de um mundo pós-antibiótico" e este cenário "não só afetaria pacientes com infecções do trato urinário ou pneumonia, mas também os 600.000 pacientes que todo ano precisam de tratamento contra o câncer".

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