STF inicia julgamento: decisão pode redefinir regras para plataformas digitais e o artigo 19 do Marco Civil da Internet (Gustavo Moreno/STF)
Repórter
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 15h42.
Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 16h20.
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia na quarta-feira, 27, o julgamento de três ações que questionam a regulamentação das redes sociais e trechos do Marco Civil da Internet.
Entre os pontos em análise está o artigo 19, que determina a responsabilidade das plataformas por conteúdos de terceiros apenas em caso de descumprimento de ordem judicial para remoção.
Os processos, com repercussão geral, têm potencial para influenciar decisões futuras.
Além disso, o STF avaliará se o bloqueio do WhatsApp por decisões judiciais viola direitos como a liberdade de expressão e o princípio da proporcionalidade, em caso relatado por Edson Fachin.
"Alguns acreditam que a revogação do artigo levará a um ambiente virtual livre de conteúdos criminosos ou imorais. Entretanto, essa visão ignora fatores políticos, culturais e socioeconômicos que influenciam o comportamento humano tanto no mundo físico quanto online", escreve o advogado André Giacchetta, sócio do escritório Pinheiro Neto, em artigo à EXAME.
A possível inconstitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet e os impactos para o futuroA tramitação do Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, foi travada na Câmara por resistência de setores da bancada conservadora, deixando o tema sem avanço.
Essa inércia forçou o STF a atuar no tema, o que levou a críticas de ativismo judicial. [/grifar] O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto, considera que o Supremo agiu com cautela, mas que o impasse no Congresso prejudica a regulamentação de plataformas.
Decisão com impacto amplo
O julgamento ocorre em um contexto de crescente demanda por regulação do ambiente digital, com ministros do STF, como Alexandre de Moraes, defendendo maior rigor para combater crimes e proteger a democracia. O debate poderá moldar a forma como as plataformas operam no Brasil, ampliando ou restringindo a responsabilização sobre os conteúdos publicados.
Apesar de pressões e exemplos internacionais como o Digital Services Act europeu, qualquer decisão deverá considerar a realidade brasileira e o equilíbrio entre direitos fundamentais, inovação tecnológica e a proteção da sociedade contra abusos.