Tecnologia

Steve Jobs: o adeus a uma mente diferente

Com sua paixão por design minimalista e marketing genial, Jobs mudou o curso da computação pessoal e transformou o mercado da comunicação móvel

Steve Jobs no WWDC 2011 (Getty Images)

Steve Jobs no WWDC 2011 (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 10h40.

Los Angeles - Difícil de compreender, duro de trabalhar e tido como insubstituível por muitos fãs e investidores da Apple, Steve Jobs fez de sua vida um constante desafio às expectativas e convenções.

E apesar de anos demonstrando sinais de saúde fragilizada, sua renúncia da presidência-executiva da Apple foi manchete no mundo inteiro. Ele morreu nesta quarta-feira aos 56 anos.

O chairman do Google, Eric Schmidt, o descreveu como "o presidente-executivo mais bem-sucedido do mundo corporativo dos Estados Unidos dos últimos 25 anos".

"De maneira única ele combinou um toque de artista com uma visão de engenheiro para erguer uma companhia extraordinária, é um dos maiores líderes da história dos EUA", disse em agosto.

Jobs abandonou os estudos e foi para a Índia em busca de orientação espiritual antes de fundar a Apple --nome que ele sugeriu a seu amigo e cofundador da empresa Steve Wozniak após ter visitado uma comunidade no Estado norte-americano do Oregon, a qual ele se referiu como "um pomar de maçãs".

Com sua paixão por design minimalista e marketing genioso, Jobs mudou o curso da computação pessoal e transformou o mercado da comunicação móvel.

O dispositivo de música iPod, o iPhone --chamado de "telefone de Jesus" por seus "religiosos" seguidores-- e o tablet iPad são criações de um homem conhecido por seu quase obsessivo controle pelo processo de desenvolvimento de produtos.


"A maioria dos meros mortais não pode entender uma pessoa como Steve Jobs", disse o ex-funcionário da Apple Guy Kawasaki. "Ele tem um sistema operacional diferente."

Carismático, visionário, implacável, perfeccionista, ditador --essas são algumas das palavras que as pessoas usavam para descrever a figura de Jobs, que pode ser o maior sonhador que o mundo da tecnologia já viu, mas também um exímio empresário e negociador.

"Steve Jobs é um gênio do mundo dos negócios da nossa geração", disse antes da morte de Jobs a ex-presidente do eBay Meg Whitman. "Suas contribuições à Apple, suas contribuições à tecnologia ... não têm paralelo no mundo dos negócios. Ele é surpreendente", acrescentou.

Bill Gates, cofundador da Microsoft, chamou Jobs de a pessoa mais inspiradora da indústria tecnológica, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o classificou como a personificação do "American Dream".

É difícil de imaginar, mas rejeição, fracasso e má sorte também fazem parte da história de Jobs.

Jobs foi abandonado ao nascer, retirado da Apple em meados da década dos anos 1980 e enfrentou um câncer quando finalmente voltou ao topo.

Ele foi adotado e cresceu com uma família do Vale do Silício, celeiro de empresas de defesa e de tecnologia de ponta.

Seu amigo Bill Fernandez apresentou Jobs ao então novo engenheiro Wozniak, e os dois Steves começaram uma amizade que culminou no nascimento da Apple Computer.

"Woz é um engenheiro brilhante, mas não é um empreendedor, e aí que Jobs aparece", comentou Fernandez, que foi o primeiro empregado da Apple.

Duas tentativas

Jobs criou a Apple duas vezes: quando fundou a companhia e de novo quando voltou ao comando da empresa para salvá-la. A Apple agora rivaliza com a petrolífera Exxon Mobil pelo posto de companhia aberta mais valiosa com ações negociadas em bolsa nos EUA.


Jobs deixou a Apple em 1985 depois de uma disputa com o então presidente-executivo da empresa John Sculley sobre o direcionamento estratégico da companhia.

Ele voltou para a Apple cerca de uma década depois, trabalhando como consultor. Logo ele estava no comando, para o que é conhecido como o segundo ato de Jobs.

Jobs já reinventou o mundo da tecnologia por quatro ou cinco vezes, primeiro com o Apple II, um computador pessoal nos anos 1970; então nos anos 1980 com o Macintosh; com o iPod em 2001; o iPhone em 2007; e o iPad em 2010, que um ano depois do lançamento superou o Macintosh em vendas.

Apple 3.0

Jobs já tinha deixado o dia-a-dia da Apple três vezes desde 2004, e ele claramente pensava em como seria a empresa sem sua presença. Ele passou por um transplante de fígado e teve uma rara forma de câncer no pâncreas.

Por anos, a cada apresentação ou lançamento de um novo produto, Jobs despertava discussões sobre seu estado de saúde --se estava melhor ou pior do que na aparição anterior.

A presidência-executiva da Apple está com Tim Cook.

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