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Starlink leva internet até para o Burning Man, festival tradicionalmente marcado pela desconexão

Uso crescente de tecnologia e internet no Burning Man levanta debates sobre o equilíbrio entre a tradição de desconexão do festival e a conveniência da conectividade digital

Participantes dançam durante o festival anual Burning Man  ( JULIE JAMMOT/Getty Images)

Participantes dançam durante o festival anual Burning Man ( JULIE JAMMOT/Getty Images)

Publicado em 29 de agosto de 2025 às 13h24.

Tradicionalmente um espaço de desconexão do mundo digital, o festival Burning Man, cuja primeira edição foi realizada em 1986, tem testemunhado a crescente presença da tecnologia e da conectividade, especialmente por meio da Starlink, serviço de internet via satélite criado pela SpaceX, de Elon Musk.

Em uma tenda popular no evento, os participantes podem acessar a internet após uma "oferta", que varia de um shot de whisky a um tapa, em troca de um acesso rápido à web. Para Kevin LeVezu, responsável pelo acampamento iForgot, a conectividade é um sucesso, atraindo muitos Burners em busca de uma pausa digital.

No entanto, a presença da internet no festival gera controvérsia. Enquanto alguns defendem a conveniência da conectividade, outros veem o uso de tecnologia como uma violação dos princípios do evento, como a “autossuficiência radical” e a “imediaticidade”, que promovem a desconexão para focar no momento presente.

Marian Goodell, CEO do Burning Man Project, a organização sem fins lucrativos que organiza o evento, questiona a necessidade de acessar o mundo exterior, já que o objetivo do festival é fomentar a conexão entre os participantes, sem distrações externas.

Grandes nomes do setor de tecnologia dos EUA são conhecidos entusiastas ou participantes do evento. Os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, escolheram Eric Schmidt para o cargo de CEO após descobrirem que ele havia ido ao Burning Man.

O cofundador do Airbnb, Brian Chesky, e o fundador da OpenAI, Sam Altman, também são frequentadores regulares do evento. Elon Musk já afirmou que não há como entender o Vale do Silício sem uma visita ao festival, do qual seu irmão, Kimbal Musk, faz parte do conselho de diretores do evento.

Antigamente, a desconexão era quase total. No começo dos anos 2000, isso começou a mudar. Nos primórdios da Friendster, por exemplo, a rede social lançada em 2002 (hoje esquecida, mas que pavimentou o caminho para o Facebook), participantes do evento foram alguns dos primeiros usuários, mas a conexão era posterior ao festival.

Impacto da Starlink

Nos anos anteriores, a falta de sinal de celular fazia a desconexão uma realidade forçada. Hoje, com a popularização da Starlink, que conta com 8 mil satélites em órbita baixa e atende 5 milhões de clientes, é comum encontrar participantes realizando videoconferências ou verificando e-mails durante o evento.

Alguns acampamentos oferecem acesso à internet, mas com limites de tempo ou dados. No entanto, até nesses espaços surgem discussões sobre a adequação de trabalhar ou fazer videoconferências em público. Além disso, o evento tem sido criticado por seu crescente número de acampamentos de luxo com geradores e ar-condicionado, que vão contra o espírito anticapitalista de alguns de seus participantes.

Em resposta, os organizadores têm criado restrições para os camps plug-and-play, mas o sucesso da medida para ser difícil de mensurar, já que a tecnologia e conectividade têm invadido todos os espaços da vida humana, mesmo aqueles originalmente pensados para serem momentos de desconexão.

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