Tecnologia

Spotify inaugura serviço em 80 países de uma vez e quer virar gigante definitivo do áudio

Expansão vem em 26 novos idiomas e mostra intuito da plataforma em se tornar o gigante da produção e divulgação de conteúdo em áudio.

Spotify na Bolsa: a empresa fez anúncios de gigantesca expansão durante evento nesta segunda-feira (Lucas Jackson/Reuters)

Spotify na Bolsa: a empresa fez anúncios de gigantesca expansão durante evento nesta segunda-feira (Lucas Jackson/Reuters)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 15h18.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 15h55.

O Spotify divulgou durante o evento "Stream On", nesta segunda-feira, 22, os planos para tornar a plataforma de streaming um grande hub para conectar criadores de conteúdo, anunciantes, artistas e podcasts.

A plataforma anunciou uma nova expansão global, com tradução do app para 36 novos idiomas, e alcance para mais de 1 bilhão de potenciais novos usuários em 80 novos mercados onde ainda não está presente, como países da América Latina, África e Ásia. As ações da empresa subiam 3,3% em Nova York no fechamento desta reportagem.

De acordo com Daniel Ek, fundador e CEO do Spotify, a economia de criação está explodindo e é responsável por parte do crescimento da internet nos últimos anos.

“Mas, até o momento, essa expansão acontece em torno do vídeo, com empresas de todos os tamanhos focando nesse mercado e novas entrantes a todo momento. Elas estão em uma competição voraz por conteúdo, talento e atenção”, afirmou Ek, se referindo ao mercado de streaming de vídeo, que tem vivido uma crescente nos últimos anos, com a chegada de empresas como Disney e Amazon Prime Video, por exemplo, competindo com gigantes Netflix e YouTube.

“Ao invés de focar onde todos estão, nós decidimos cedo apostar tudo no áudio. Não só somos o único player nesse espaço, mas começamos na frente em mais de uma década, uma vantagem que nos forneceu dados, insights e experiência, além de incomparáveis tamanho e escala”, disse Daniel Ek, CEO do Spotify.

O Spotify anunciou novas ferramentas de tecnologia para auxiliar artistas a manejar seu conteúdo na plataforma, e também novos algoritmos de busca e recomendação para que usuários possam se conectar com novidades. Por exemplo, será possível seguir playlists de escritores de música, que trabalham para diferentes bandas e artistas. Há ainda uma modalidade de alta fidelidade para ouvintes mais criteriosos.

A busca por conteúdo de qualidade e aquisições recentes da gigante de streaming também ficaram mais claras durante o evento. A empresa explicou como a aquisição das empresas de mídia The Ringer e Gimlet irá desempenhar um papel fundamental na criação de novos produtos, de shows ficcionais a podcasts jornalísticos e documentais.

Parcerias com a DC Comics darão lugar a shows de áudio de ficção, e um podcast de conversas entre o ex-presidente americano Barack Obama e o músico Bruce Springsteen estão no radar. A empresa também mencionou outras exclusividades, como o podcast Café da Manhã, junto da Folha de S.Paulo, e o americano Joe Rogan Experience.

Vários dos anúncios feitos hoje apontam para uma consolidação de uma estratégia da empresa que vinha se desenhando nos últimos meses. As aquisições e novidades recentes do Spotify apontavam nesta direção, mas a empresa apresentou publicamente uma estratégia no evento desta segunda.

Rentabilidade de publicidade e criadores

A estratégia dos podcasts se extende também à rentabilização de publicidade. A empresa adquiriu no ano passado a Megaphone, uma empresa focada em direcionar publicidade em inserções de áudio. 

De acordo com Dawn Ostroff, diretora de conteúdo no Spotify, a plataforma conseguiu mudar o formato de podcasts: antes era mais comum o download dos episódios, o que deixava anunciantes “no escuro”, sem dados e métricas sobre se anúncios foram ouvidos, por quem e qual o impacto disso. 

O Spotify conseguiu transformar a audição de podcasts em streaming e agora,  adiciona um produto chamado Streaming Ad Insertion (SAI), que vai permitir que publicidade seja inserida de maneira direcionada em meio à audição dos programas. Segundo ela, o tempo de consumo de áudio nos Estados Unidos é semelhante ao tempo de consumo de vídeo, ainda que a publicidade não tenha a mesma escala. Com isso, há perspectiva de crescimento no faturamento publicitário.

De acordo com a executiva, os artistas também têm aumentado seu faturamento na plataforma. Atualmente 57.000 artistas são responsáveis por 90% do streaming, um número que quadriplicou nos últimos 6 anos.

Existem mais de 800 artistas com faturamento superior a 1 milhão de dólares por ano, alta de 82%. São mais de 7.500 os que ganham 100.000 dólares por ano em faturamento na plataforma, crescimento de 79%.

Ostroff afirmou ainda que o crescimento do faturamento de artistas dentro do Spotify se reverte em outras vendas, como mercadorias e ingressos para show, que começam a ficar disponíveis na página dos artistas na plataforma.

Alta fidelidade

Um dos anúncios desta segunda-feira é especialmente memorável para os fissurados por áudio de alta qualidade. Ainda este ano o Spotify irá disponibilizar o Spotify HiFi, que vai entregar música em qualidade de CD, sem perdas para dispositivos conectados à plataforma.

O preço ainda será anunciado e a funcionalidade estará disponível em alguns mercados selecionados. O anúncio coloca a empresa no mercado ao lado do Tidal, que nasceu com a proposta de ter uma qualidade de áudio superiora, e a Amazon Music HD, lançado em 2019 como um plano para música sem perdas de qualidade.

Acompanhe tudo sobre:Indústria da músicaMúsicaPodcastsPublicidadeSpotifyStreaming

Mais de Tecnologia

Intel descarta venda de participação na Mobileye e ações da empresa disparam

YouTube expande anúncios em vídeos pausados para todos os anunciantes

Kremlin volta a usar YouTube, enquanto restringe o acesso de russos à plataforma

Netflix atinge 94 bilhões de horas assistidas no primeiro semestre de 2024, afirma CEO