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Spotify gasta menos de 10% do fundo de US$ 100 milhões em diversidade

A iniciativa sofreu com a mudança de prioridades e demissões que ocorreram no ano passado

Logo da Spotify  (Mustafa Ciftci/Anadolu Agency/Getty Images)

Logo da Spotify (Mustafa Ciftci/Anadolu Agency/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 22 de março de 2023 às 14h57.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 15h17.

O Creator Equity Fund, do Spotify, lançado com US$ 100 milhões para promover a diversidade em música e podcasts após comentários controversos do famoso apresentador Joe Rogan, gastou menos de 10% do dinheiro nesses projetos ao encerrar seu primeiro ano.

A iniciativa teve um início lento nas contratações e sofreu com a mudança de prioridades, disseram pessoas com conhecimento do assunto, que pediram para não serem identificadas. No início do ano, o fundo ainda finalizava seu orçamento para 2023 e não havia definido seus projetos prioritários, de acordo com um memorando obtido pela Bloomberg News.

Outro fundo do Spotify destinado a promover a diversidade em podcasts foi afetado por demissões no ano passado, disse um sindicato que representa os trabalhadores.

O Spotify não quis comentar sobre números de gastos específicos para o fundo, mas um porta-voz disse que a empresa apoiou uma série de iniciativas em seu primeiro ano, incluindo o Glow, que destaca músicas de artistas LGBTQ, e o Nailing It, um podcast apresentado por três mulheres negras. A companhia anunciou nesta semana uma parceria ampliada com o Spelman College, faculdade com histórico de formar mulheres negras em Atlanta, que incluirá bolsas de estudo e currículo para estudantes interessados em podcasts.

“O Spotify Creator Equity Fund é dedicado a uma variedade de iniciativas que ajudam a elevar e apoiar um portfólio inclusivo e diversificado de artistas e criadores na plataforma”, escreveu o porta-voz em comentário por e-mail. “Somos capazes de capacitar e elevar vozes sub-representadas no mundo todo.”

O maior serviço de streaming de música do mundo não está sozinho ao enfrentar desafios para cumprir tais compromissos. Um estudo recente da McKinsey & Co. recomendou maior transparência em como as empresas alocam recursos para promover a justiça racial.

O Spotify anunciou o fundo em fevereiro do ano passado, depois que o cantor Neil Young retirou suas músicas da plataforma citando a suposta disseminação de desinformação sobre a covid-19 por Rogan. Um vídeo no qual Rogan usou várias vezes a palavra “nigger” (termo considerado pejorativo contra pessoas negras nos EUA) também circulava na época.

Funcionários da empresa se manifestaram quando Rogan ingressou no serviço de streaming em 2020, dizendo que o apresentador disseminava ideias transfóbicas que os faziam se sentir inseguros. O valor do fundo de US$ 100 milhões foi visto como simbólico, uma vez que correspondia ao contrato de Rogan, relataram vários meios de comunicação. Depois, o New York Times calculou seu acordo em mais de US$ 200 milhões.

No lançamento, a empresa dividiu o fundo entre música e podcasts. Equipes foram organizadas para lançar ideias, como hospedar eventos para apresentadores de podcasts e músicos, criar shows e ajudar com orçamentos de marketing.

Meses se passaram antes que o Spotify contratasse funcionários, oito no total, que iriam supervisionar o dinheiro — uma lista de vagas foi anunciada em novembro. O porta-voz disse que a empresa tinha um gerente de projeto designado para o fundo desde o início.

Falta de planejamento

O valor foi calculado para ser usado ao longo de três anos, disseram fontes à Bloomberg News, mas o serviço de streaming não tinha um sistema claro e bem estruturado para examinar e aprovar projetos ou alocar recursos. Ideias foram apresentadas, mas muitas vezes recusadas. Um porta-voz do Spotify apontou para os vários projetos apoiados pelo fundo como prova de que o sistema está funcionando e disse que o fundo foi pensado para durar vários anos, não um período específico.

O memorando interno afirmou que a missão do fundo é ampliar as vozes e o trabalho principalmente de criadores negros e LGBTQ nos EUA, Reino Unido e Brasil. O porta-voz disse que a empresa também financia iniciativas fora dessa área, como na comunidade latina.

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