Asratec, uma unidade do Softbank apresenta o robô Asra C1 na sede da companhia em Tóquio (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2014 às 17h53.
Tóquio - O bilionário Masayoshi Son quer criar um Android para robôs.
Uma unidade do SoftBank, de Son, acaba de lançar um sistema operacional que controlaria robôs da mesma forma que o software da Google roda em smartphones e tablets.
A plataforma, que se chama V-Sido OS, pode ser customizada para diferentes tipos de robôs usados em atendimento domiciliar de saúde, construção e entretenimento, disse Wataru Yoshizaki, chefe de desenvolvimento da Asratec, ontem, em entrevista.
O Japão quer dobrar o tamanho do mercado de produção de robôs domésticos para 2,41 trilhões de ienes (US$ 24 bilhões) até 2020, segundo um plano econômico divulgado nesta semana.
O SoftBank recentemente lançou um robô humanoide com 1,20 metro de altura chamado Pepper que tenta ler expressões faciais, unindo-se ao Asimo, da Honda Motor, que joga futebol, e às máquinas de entrega de medicamentos Hospi-R, da Panasonic Corp.
“Cada vez mais companhias estão construindo robôs”, disse Yoshizaki. “Nossa plataforma é apenas software, mas com ajustes ela pode ser adotada para vários propósitos”.
O SoftBank criou a unidade Asratec em julho de 2013 e injetou 160 milhões de ienes nela, segundo o site da Asratec.
As fabricantes japonesas de componentes eletrônicos Nidec e Futaba, além da unidade de robôs da Sanrio, estão usando o V-Sido OS, segundo um comunicado da Asratec de 11 de junho.
China, EUA
As máquinas podem ser controladas por sinais manuais ou por um aplicativo de smartphone, disse Yoshizaki, 28.
A unidade visa a gerar receita por meio de royalties obtidos com a venda do sistema operacional.
Yoshizaki preferiu não fornecer projeções de vendas, dizendo que a plataforma seria customizada com base em seu uso e que o lucro pode variar dependendo do número de licenças vendidas.
A indústria robótica está nos estágios iniciais de desenvolvimento e é importante incentivar as companhias de diferentes setores a explorarem o uso de robôs, disse ele.
“A China é um mercado que está atraindo muita atenção por causa do desenvolvimento de robôs industriais”, disse Yoshizaki, na sede da companhia, em Tóquio.
“Em termos de progresso tecnológico, os EUA provavelmente desenvolverão tanto grandes softwares quanto hardwares. Nós queremos estar ativamente envolvidos em ambos os mercados”.
Yoshizaki teve a ideia de construir um sistema operacional para robôs quando era criança e assistia à série japonesa de animação “Mobile Suit Gundam”, na qual os pilotos controlavam os movimentos de robôs com alavancas e lutavam com inimigos no espaço.
‘Astro Boy’
Cerca de duas décadas depois, Yoshizaki recebeu 5,5 milhões de ienes em financiamento da Agência de Promoção da Tecnologia da Informação, afiliada ao Ministério da Tecnologia do Japão, para desenvolver um software que possibilita a movimentação de robôs.
Son disse em 2010 que queria criar uma sociedade que coexistisse com robôs inteligentes.
O presidente do SoftBank disse que o Pepper é um resultado do tempo que ele gastou assistindo ao programa de TV “Astro Boy”, uma série animada dos anos 1960 baseada em um personagem que não tinha emoções.
O Pepper, que será equipado com um sensor de laser e bateria com 12 horas de vida e custará 198.000 ienes (US$ 1.930), também pode fazer piadas e dançar, segundo o SoftBank.
A máquina está em exposições em algumas lojas do SoftBank na região de Tóquio e estará disponível para os consumidores do Japão a partir de fevereiro.
Trajes de exoesqueleto
O Pepper, desenvolvido pela Aldebaran Robotics, subsidiária do SoftBank, não está usando plataforma da Asratec, disse Yoshizaki. As duas companhias podem colaborar entre si no futuro.
Outras empresas japonesas estão desenvolvendo tecnologias robóticas que podem economizar trabalho e ajudar idosos a cuidarem de si mesmos em uma população que está envelhecendo e com preocupações a respeito do aumento dos custos com a saúde.
As pessoas com mais de 65 anos representarão até 40 por cento da população do Japão em 2060.
As máquinas da Panasonic vêm sendo usadas em hospitais para entrega de medicamentos e de amostras de laboratório.
As ações da Cyberdyne, fabricante de trajes de exoesqueleto que ajudam na reabilitação, mais que duplicaram de valor desde a estreia da empresa nas negociações em Tóquio.
Os trajes da companhia com sede na prefeitura de Ibaraki podem ser usados para o auxílio a paraplégicos.
“Se os robôs são úteis ou não, ou como eles serão úteis, é algo que ainda está em fase de testes”, disse Yoshizaki. “É muito importante que diferentes fabricantes trabalhem para expandir o mercado”.