edward-snowden (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
Moscou - Após ter recebido uma oferta de asilo político de países da América Latina, o ex-consultor da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana Edward Snowden parece ainda não ter deixado Moscou, onde está bloqueado há 14 dias.
Procurado por espionagem pelos Estados Unidos após revelar importantes dados sobre um programa americano de vigilância das comunicações mundiais, Snowden poderia ir para a Bolívia, Venezuela ou Nicarágua, que se disseram dispostos a recebê-lo.
A embaixada da Nicarágua em Moscou confirmou nesta segunda-feira à agência russa Novosti o recebimento da solicitação de asilo político de Snowden.
O governo da Nicarágua revelou sábado à noite que o americano explicou em sua carta de pedido de asilo que teme não ser julgado de maneira justa pelos Estados Unidos e de ser sentenciado a prisão perpétua.
Em Moscou, as embaixadas da Bolívia e da Venezuela declararam não ter "nenhuma informação" sobre o paradeiro de Snowden, que não é visto desde que chegou em 23 de junho na zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Sheremetievo, vindo de Hong Kong, onde se refugiou após ter deixado os Estados Unidos.
Questionado pela AFP sobre o futuro do americano, o porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitri Peskov, contentou-se em afirmar que "isso não é nosso problema".
Ainda existem, no entanto, muitas incertezas sobre a maneira pela qual este jovem de 30 anos, cujo passaporte foi cancelado pelos Estados Unidos, possa viajar a um país de acolhida sem ser interceptado pelos americanos.
Snowden não pode teoricamente abandonar a zona de trânsito do aeroporto de Sheremetievo para ir a outro aeroporto, como, por exemplo, o de Vnukovo, onde chegam ou de onde partem as aeronaves de líderes estrangeiros.
Também não existe voo comercial direto entre Moscou e Caracas, ou Moscou e Manágua, o que o obrigaria a fazer escala em outro país, que, por sua vez, deve dar autorização para que volte a decolar. Outro risco é que os países se recusem a abrir o espaço aéreo ao avião que leva Snowden.
O caso de Snowden desencadeou uma crise diplomática entre o bloco da Unasul e os países europeus, entre eles Itália, Espanha, França e Portugal, depois de terem negado o uso de seu espaço aéreo à aeronave do presidente boliviano, Evo Morales, quando ele voltava de uma reunião na Rússia, por suspeitas - infundadas - de que o americano poderia estar a bordo da aeronave.
Bolívia, Venezuela e Nicarágua mantêm relações políticas tensas com os Estados Unidos e parecem as únicas opções para o ex-consultor que apresentou uma solicitação de asilo para mais de 20 países.
Por sua vez, Cuba declarou apoio ao "direito soberano" dos Estados latino-americano a conceder asilo para "aqueles que são perseguidos por seus ideais ou por causa de sua luta pelos direitos democráticos", em uma declaração no domingo do presidente Raúl Castro.
A permanência de Snowden em Moscou por mais semanas, poderia levar ao cancelamento da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à capital russa no início de setembro, às vésperas da reunião do G20 em São Petersburgo, indicou o jornal Kommersant, citando uma fonte do Departamento de Estado americano.
Questionado pela AFP, o porta-voz de Putin disse que a informação era "absurda".