Tecnologia

Smartphones com supercâmeras ameaçam Canon e Nikon

Sucesso dos smartphones está aumentando cada vez mais a pressão sobre as fabricantes, com receita caindo para o menor patamar em uma década

Smartphone Lumia 1020 da Nokia: câmera de 41 megapixels do aparelho é mais uma pressão para companhias como Nikon e Canon (Kelvin Ma/Bloomberg)

Smartphone Lumia 1020 da Nokia: câmera de 41 megapixels do aparelho é mais uma pressão para companhias como Nikon e Canon (Kelvin Ma/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2013 às 11h11.

Tóquio - O negócio global de câmeras, centrado no Japão, está a caminho de um abalo.

Com a receita da indústria caindo para o menor patamar em uma década devido às maiores vendas de smartphones, a Nikon Corp., a segunda maior fabricante de câmeras do mundo, reduziu seus preços para atrair consumidores. A líder do mercado, a Canon Inc., poderia imitá-la para manter o ritmo, segundo a UBS AG, incrementando a pressão sobre os produtores menores e possivelmente excluindo-os do negócio.

“Há muitos agentes”, disse Ryosuke Katsua, analista na UBS, em Tóquio. “Será difícil para as fabricantes de câmeras menores até mesmo permanecerem no mercado, pois é provável que a concorrência entre a Canon e a Nikon se intensifique”, disse Katsura, que recomenda vender as ações das duas líderes.

Desde que a Apple Inc. apresentou o iPhone, em 2007, as ações da Nikon e da Canon perderam mais da metade do seu valor porque a demanda encolheu em uma indústria dominada por elas durante mais de uma década. A Nikon tem o pior desempenho no índice Nikkei 225 este ano, com uma queda de 34 por cento.

As vendas de modelos compactos recuaram, pois os smartphones substituíram os modelos de “apontar e fotografar” que formavam a maior parte do mercado. Agora, os modelos com lente de reflexo simples (SLR) com margens mais altas – mercado do qual a Canon e a Nikon controlam 80 por cento – também estão perdendo vendas.

Para manter as vendas em andamento, a Nikon realizou descontos para vários modelos. A Nikon 1 J2, apresentada há um ano, é vendida, atualmente, por 23.485 ienes (US$ 240), 64 por cento abaixo do seu preço inicial, segundo o site de comparações Kakau.com. O modelo de luxo D600, também apresentado em setembro do ano passado, teve o preço reduzidido em 26 por cento para 145.975 ienes.


Brownie de US$ 1

Ambas as líderes da indústria contam com amplos recursos para financiar novos empreendimentos e aquisições. A Canon possuía caixa e equivalentes a 755 bilhões de ienes em junho e o caixa da Nikon chegava a 121 bilhões de ienes, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“As mudanças no mercado de câmeras lhes indicam que é hora de assumir riscos para fazer algo drástico, para modificar a estrutura de lucros”, disse Hisashi Moriyama, analista na JPMorgan Chase Co., em Tóquio.

A troca para os smartphones poderia ser semelhante à transição do filme para a fotografia digital, que eliminou as companhias que não se adaptaram a tempo. A Konica Minolta Holdings Inc. vendeu seu negócio de SLR à Sony em 2006 para focar-se em equipamentos para escritórios. A Pentax Corp. foi adquirida em 2007 pela Hoya Corp, que vendeu a operação de câmeras à Ricoh Co., quatro anos depois. A Eastman Kodak Co., a pioneira da fotografia que apresentou o modelo Brownie por US$ 1 há mais de um século, faliu.

41 megapixels

As câmeras dos smartphones estão ficando sofisticadas. O Galaxy S4 da Samsung Electronics Co. conta com um sensor de 13 megapixels. O novo Zperia Z1 da Sony possui uma câmera de 20,7 megapixels e um anexo opcional de lente de zoom. Em julho, a Nokia Oyj apresentou seu Lumia 1020 com uma câmera de 41 megapixels. Já o modelo EOS-1D X da Canon, cujo preço no site americano da companhia é US$ 6,799, tem um sensor de 18,1 megapixels – embora o número de pixels seja apenas um dos muitos fatores que afetam a qualidade da imagem.

Enquanto a Nikon e a Canon consideram a diversificação, os lucros permanecerão sob a pressão dos smartphones, que canibalizam os modelos compactos e diminuem as margens das SLR, disse Amir Anvarzadeh, gerente de vendas de ações de companhias japonesas na BGC Partners Inc., em Singapura.

“Isso não será revertido em breve”, disse Anvarzadeh.

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