Soldados treinam em deserto: em 2008, estudo concluiu que esse mal era uma condição que poderia afetar 250 mil veteranos do conflito (Pascal Guyot/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2014 às 14h36.
Washington - A Síndrome da Guerra do Golfo é uma patologia ligada a agentes químicos, e não ao estresse psicológico causado durante os combates, confirma um relatório apresentado ao Congresso americano e publicado nesta segunda-feira.
O estudo sobre a doença e seus tratamentos evoluiu desde 2008 e "os primeiros resultados são encorajadores", explicam os especialistas do comitê consultivo de pesquisa sobre a Síndrome da Guerra do Golfo (RAC).
Em 2008, um importante relatório do RAC concluiu que esse mal era uma condição que poderia estar afetando 250 mil veteranos do conflito ocorrido no Iraque entre 1990 e 1991.
Desde então, os estudos "continuam a apoiar a conclusão de que a Síndrome da Guerra do Golfo está ligada a produtos químicos utilizados no local dos eventos", afirma Roberta White, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston e principal autora do relatório.
Os sintomas variam de acordo com cada indivíduo, mas geralmente incluem uma combinação de dores, problemas cognitivos e de memória persistentes, fadiga, dificuldades respiratórias, doenças intestinais e alterações da pele.
O documento anterior do RAC citava várias pesquisas que mostravam uma ligação entre a doença e a exposição a pesticidas e brometo de piridostigmina, encontrado nos comprimidos ingeridos por soldados para neutralizar os gases inalados durante os combates.
"Muitos estudos neurológicos (...) indicaram que as disfunções do sistema nervoso central são um sintoma-chave desta síndrome", segundo White, cujo trabalho também aponta que o mal não está associado ao estresse pós-traumático.
O estudo também sugere que a exposição a certos agentes químicos está ligada a tumores cerebrais.
Os pesquisadores descobriram que os soldados que foram expostos aos gases emitidos durante a destruição do arsenal de Khamisiyah no Iraque, bem como os que inalaram gases poluentes liberados pela queima de poços de petróleo, apresentaram alta mortalidade por câncer de cérebro.
Mas o relatório cita estudos que apontam para tratamentos promissores desta doença, com suplementos alimentares, insulina intranasal e respiração para aliviar a fadiga.
Apesar de comemoraram os avanços das pesquisas, os autores lamentam não ter fundos suficientes para analisar outros problemas de saúde que muitas vezes afetam os veteranos, como a doença de Parkinson, algumas formas de câncer e problemas reprodutivos.