Tecnologia

Senado EUA: Facebook não merece confiança com plano "louco" de criptomoeda

Antes de apresentar Libra, empresa já enfrentava críticas sobre mal uso de dados de usuários e reação à interferência da Rússia na eleição de 2016

Libra: moeda do Facebook gera opiniões controversas (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Libra: moeda do Facebook gera opiniões controversas (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 16 de julho de 2019 às 18h00.

Washington — Parlamentares democratas e republicanos afirmaram nesta terça-feira (16) que o histórico do Facebook sobre o que eles consideram como indigno de confiança deve ficar no caminho do lançamento de uma moeda digital, classificando o plano de "delirante" e "louco" em uma audiência no Senado.

O Facebook está lutando para trazer Washington para seu lado depois que chocou reguladores e parlamentares com o anúncio, em 18 de junho, de que planeja lançar uma criptomoeda chamada libra em 2020.

Desde então, enfrentou uma enxurrada de críticas de políticos e agências financeiras no país e no exterior, que temem que a adoção generalizada da moeda digital pelos 2,38 bilhões de usuários da gigante de mídia social possa bagunçar o sistema financeiro.

"O Facebook demonstrou através de escândalos atrás de escândalos que não merece a nossa confiança", disse o senador democrata Sherrod Brown, membro do Comitê Bancário do Senado, em seu discurso de abertura. "Nós seríamos loucos de dar a eles uma chance de deixá-los experimentar com as contas bancárias das pessoas."

Antes de anunciar seus planos para a libra, o Facebook já estava enfrentando uma reação negativa sobre o mal uso de dados de usuários e não fazer o suficiente para impedir a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016.

David Marcus, o principal executivo da empresa que supervisiona o projeto, deu um depoimento sobre questões que vão desde como a libra pode afetar a política monetária global até como os dados dos clientes serão tratados.

Ele recebeu uma recepção fria dos parlamentares democratas que já acreditam que a empresa é muito grande e descuidada com os dados do consumidor.

"Eu não confio em vocês", disse a senadora republicana Martha McSally. "Em vez de limpar sua casa, você está lançando um novo modelo de negócios."

Marcus, que foi presidente do PayPal de 2012 a 2014, prometeu que o Facebook não começará a oferecer a libra até que as questões regulatórias sejam resolvidas.

Os parlamentares levantaram uma série de preocupações, inclusive sobre como a empresa planeja evitar a lavagem de dinheiro, como os dados e recursos dos consumidores serão protegidos e como a associação baseada em Genebra, criada para administrar o sistema, será regulamentada.

"Eu sei que temos que conquistar a confiança das pessoas por um período muito longo", disse Marcus quando perguntado se os consumidores poderiam confiar no Facebook para não compartilhar suas informações de pagamento.

A empresa de mídia social prometeu que sua subsidiária de pagamentos chamada Calibra só compartilhará dados de clientes com o Facebook e terceiros externos se tiver consentimento, ou em "casos limitados", onde for necessário.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)FacebookLibra (criptomoeda)

Mais de Tecnologia

Gigantes das redes sociais lucram com ampla vigilância dos usuários, aponta FTC

Satélites da SpaceX estão causando interferência nos equipamentos de pesquisadores, diz instituto

Desempenho do iPhone 16 chama atenção e consumidores preferem modelo básico em comparação ao Pro

iPhone 16 chega às lojas – mas os recursos de inteligência artificial da Apple, não