Tecnologia

Sempre pensei no Vale do Silício como sendo de centro-esquerda, diz Gates ao NYT

O fundador da Microsoft disse que subestimou os efeitos negativos das redes sociais e se surpreendeu com a guinada política do Vale do Silício

Bill Gates (Chesnot/Getty Images)

Bill Gates (Chesnot/Getty Images)

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 09h54.

Bill Gates sempre acreditou que o Vale do Silício era um reduto progressista. Mas, nos últimos anos, o fundador da Microsoft (MSFT) viu líderes como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos se aproximarem da direita e apoiarem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Sempre pensei no Vale do Silício como sendo de centro-esquerda", afirmou Gates em entrevista ao The New York Times.

Mas essa não foi a única previsão que o bilionário entende que já errou em sua carreira. Gates também subestimou os impactos negativos das redes sociais, que, segundo ele, passaram de ferramentas de conexão para plataformas que amplificam a desinformação e aprofundam a polarização social.

O bilionário disse que acreditava que "mais informação sempre seria algo positivo", mas reconheceu que não previu que a tecnologia seria usada para manipulação política e ataques à democracia.

Uma nova divisão no setor de tecnologia

O avanço da direita no Vale do Silício rompe com a tradição progressista da região e cria um cenário político mais imprevisível para o setor, segundo Gates. Líderes como Musk e Zuckerberg, que antes mantinham posições políticas discretas, agora se envolvem em debates políticos e adotam posturas que desafiam as regulações governamentais sobre tecnologia.

Para Gates, essa transformação pode afetar diretamente as futuras regulamentações sobre redes sociais, inteligência artificial e privacidade digital nos Estados Unidos. Ele acredita que essa guinada política também influencia a forma como empresas do setor lidam com questões como moderação de conteúdo e segurança online.

Além da polarização política e das redes sociais, Gates vê com preocupação os avanços da inteligência artificial. Ele teme que a tecnologia caia em mãos erradas e seja usada para cibercrimes, bioterrorismo e guerras digitais. "Agora temos que nos preocupar com pessoas mal-intencionadas usando IA", disse ele ao NYT.

O empresário já havia expressado essa inquietação no podcast On with Kara Swisher, defendendo que o foco deve estar em desenvolver IAs que protejam contra essas ameaças.

Para ele, a solução não é frear o progresso da IA, mas garantir que governos e empresas criem proteções eficazes para evitar que a tecnologia seja explorada por criminosos e governos autoritários.

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