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Segredo do Facebook em app de biquíni gera intriga internacional

Uma amarga disputa jurídica entre a criadora do app e a gigante das redes sociais pode desnudar as práticas frequentemente criticadas do Facebook

 (JAG IMAGES/Getty Images)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 1 de dezembro de 2018 às 05h55.

Última atualização em 1 de dezembro de 2018 às 05h55.

Um anúncio online de um aplicativo do Facebook que estreou em 2014 mostrava um homem em um bar apontando seu telefone na direção de mulheres para tirar as roupas delas e deixá-las só de biquíni.

O aplicativo Pikini, que localizava fotos de usuários em trajes de banho, não durou muito porque o Facebook restringiu o acesso dos desenvolvedores aos dados dos amigos. Mas agora uma amarga disputa jurídica entre a criadora do aplicativo e a gigante das redes sociais pode desnudar as práticas frequentemente criticadas do Facebook por compartilhar o que os usuários postam na rede.

 

 

Registros internos confidenciais do Facebook que deveriam permanecer em sigilo em um caso na Califórnia foram vazados para um comitê parlamentar do Reino Unido por um dos fundadores da companhia do aplicativo. Como o comitê agendou interrogar um executivo do Facebook nesta terça-feira sobre os documentos, o Facebook tomou medidas na segunda-feira para que um juiz do tribunal estadual em Redwood City, Califórnia, acusasse a Six4Three de desacato.

"Estas são circunstâncias extraordinárias", afirmou o Facebook no processo judicial.

Desenvolvedores de aplicativos

A Six4Tree alegou em seu processo, aberto três anos atrás, que o Facebook condenou seu plano de negócios e renegou as promessas de dezenas de desenvolvedores de aplicativos quando cortou o acesso deles aos dados de amigos em 2015. O Facebook negou as alegações e acusou a Six4Three de fazer declarações sensacionalistas e descaracterizar seus registros internos para despertar o interesse da imprensa.

Damian Collins, que preside o Comitê Parlamentar de Assuntos Digitais, Cultura, Mídia e Esportes, disse no final de semana que, de acordo com a lei do Reino Unido, ele tem liberdade para divulgar os documentos do Facebook.

"O interesse do comitê nos documentos que solicitamos diz respeito à relevância deles para nossa investigação em andamento sobre desinformação e notícias falsas", disse Collins em uma carta ao vice-presidente de política do Facebook, Richard Allan. "Como você sabe, fizemos várias perguntas ao Facebook sobre suas políticas de compartilhamento dos dados de usuários com desenvolvedores, sobre como elas foram aplicadas e sobre como a empresa identifica a atividade de agentes mal-intencionados. Consideramos que os documentos que solicitamos à Six4Tree podem conter informações importantes sobre isso, que tem um alto nível de interesse público."

Pen drive

O legislador britânico soube do processo da Six4Tree por um jornalista e localizou um dos diretores da Six4Tree, Ted Kramer, durante uma viagem de negócios a Londres, de acordo com um documento judicial. Kramer inicialmente se recusou a cooperar, segundo o documento. Mas quando Collins aumentou a pressão, sugerindo que Kramer poderia ser preso por desafiar uma ordem do Parlamento, ele entrou em pânico, abriu seu laptop, encontrou alguns arquivos que ele alega não ter lido e copiou-os em um pen drive para Collins, segundo o relatório.

Diversas organizações da imprensa pediram que o juiz do Tribunal Superior do condado de San Mateo, V. Raymond Swope, ordene a divulgação dos documentos confidenciais do Facebook como uma questão de interesse público. Mas Swope recusou em outubro, afirmando que o pedido era "processualmente prematuro". Ele também escreveu que a Six4Three não o convenceu de que os documentos fossem relevantes para o caso e acusou os advogados da empresa de se envolverem em "excessos brutais de litígio".

O Facebook afirmou na segunda-feira que o processo da Six4Tree deveria ser descartado como punição pela desconsideração da empresa em relação à ordem do juiz de manter os documentos em sigilo.

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