Galaxy Note 7: nova versão deve ganhar uma bateria menor e fabricada por outro fornecedor (Andrew Zuis/Acervo Pessoal/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de março de 2017 às 08h41.
São Paulo - A fabricante sul-coreana Samsung anunciou nesta segunda-feira, 27, que planeja vender uma versão remanufaturada do polêmico smartphone Galaxy Note 7.
Lançado em agosto de 2016, o aparelho passou por dois recalls e, em seguida, foi descontinuado pela Samsung por problemas na bateria.
Por um problema no design, o componente chegou a explodir em alguns casos, causando acidentes durante as poucas semanas em que o celular estava à venda.
De acordo com a Samsung, ainda não foram determinados os mercados que irão receber o produto remanufaturado, nem quando a nova versão chegará às lojas novamente.
Tal decisão só deverá ser tomada quando a fabricante entrar em um acordo com autoridades e operadoras locais. A empresa ressaltou "que o aparelho não foi comercializado no Brasil".
"As subsidiárias que comercializaram o Galaxy Note 7 estão trabalhando com organizações ambientais e órgãos regulatórios relevantes para garantir uma estratégia eficaz para os dispositivos Galaxy Note 7, cumprindo com as exigências regulamentares locais", disse a empresa, por meio de nota.
Após o Galaxy Note 7 ser descontinuado, a Samsung havia dito que descartaria os dispositivos afetados. No entanto, a companhia mudou de opinião após protestos de ativistas ambientais no Mobile World Congress (MWC), evento de smartphones realizado em Barcelona, na Espanha, em fevereiro. Segundo eles, um descarte desse porte poderia causar muitos danos ao meio ambiente.
A Samsung, porém, não informou de que maneira pretende reaproveitar os componentes do Galaxy Note 7. Analistas indicam, no entanto, que a fabricante deve usar a carcaça e os componentes internos do aparelho, trocando apenas a bateria - que foi a causa das explosões. A versão remanufaturada deve ganhar uma bateria menor e fabricada por outro fornecedor.
A companhia também pode usar ou vender componentes recicláveis dos aparelhos, como microprocessadores e módulos de câmera, além de extrair metais usados no Note 7, como cobre, ouro, níquel e prata.
"O Galaxy Note 7 ficou marcado por este ponto negativo", disse um analista de mercado ao Estado, que preferiu não se identificar. "Não consigo ver as pessoas investindo um valor alto no aparelho. Afinal, é um celular remanufaturado após um primeiro problema. É uma decisão de mercado muito arriscada para a Samsung, que deveria focar em seu próximo lançamento, o Galaxy S8."
Fiasco
Em setembro de 2016, poucos dias após o lançamento oficial do Note 7, relatos começaram a surgir em redes sociais indicando que o aparelho estava superaquecendo e, em alguns casos, explodindo. Rapidamente, a Samsung anunciou um recall global para tentar reparar a falha. No entanto, não deu certo.
A empresa substituiu rapidamente o aparelho, mas novos casos de superaquecimento e explosões ocorreram, envolvendo até mesmo novas unidades do produto.
Nos Estados Unidos, um voo precisou ser cancelado após um aparelho soltar uma densa fumaça na aeronave e queimar o carpete.
A Samsung, por fim, resolveu descontinuar o celular cerca de um mês depois dos primeiros relatos. No total, a empresa teve de recolher 2,5 milhões de unidades do Galaxy Note 7 em todo o mundo - 1 milhão com usuários e 1,5 milhão com os varejistas.
Para colocar um fim na polêmica e nos problemas com a marca, a Samsung divulgou os motivos da falha de segurança em janeiro. Análises da sul-coreana e de pesquisadores independentes não encontraram outros problemas nos dispositivos Note 7, exceto as baterias.
A empresa estimou um prejuízo de US$ 5,5 bilhões ao longo de três trimestres por problemas com o Galaxy Note 7.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.